PUBLICIDADE

América Latina

Série de entrevistas lembra a tragédia que marcou o Haiti

14 jan 2011 - 12h56
(atualizado às 13h17)
Compartilhar

Nesta semana, completou-se um ano de uma das piores tragédias naturais da história recente: o terremoto do Haiti, ocorrido às 16h53 (19h53 pelo horário de Brasília) de 12 de janeiro de 2010. O tremor, que atingiu os 7 graus na escala Richter, teve seu epicentro localizado 25km a oeste da capital Porto Príncipe, que foi completamente devastada com um saldo de 230 mil mortos e 300 mil feridos.

O Haiti após o terremoto: o peso do passado, a dificuldade do presente, e a incerteza do futuro
O Haiti após o terremoto: o peso do passado, a dificuldade do presente, e a incerteza do futuro
Foto: Arte / Terra

Na última quarta, 12 de janeiro de 2011, os haitianos relembraram a data. A bandeira nacional foi hasteada em frente ao Palácio de Porto Príncipe, com sua cúpula ainda desabada. Procissões vagaram pela cidade, imersa em escombros. E orações foram feitas em meio às ruínas da Catedral da capital, em homenagem aos mortos do passado e em esperança pelo futuro do país.

Esse futuro, no entanto, irá requerer também muito esforço. O saldo deixado pelo terremoto e do surto de cólera - que, sozinhos, já constituiriam desafio para qualquer governo - se torna ainda maior nas mãos de um país que passa processo eleitoral tumultuado e incerto. Não se sabe quando o novo governo será formando, nem qual será, nem muito menos como ele saberá lidar com a situação do país.

Se a situação política interna é frágil, carente de instituições sólidas e ágeis que pudessem garantir o gerenciamento da reconstrução do país, a ajuda vinda de fora também passa por críticas. Desdobrando-se entre imensas somas de dinheiro prometidas, prontidão de prestar auxílio humanitário emergencial e dilemas sobre como melhor ajudar os haitianos, a comunidade internacional também questiona o seu trabalho.

O terremoto de janeiro já passou, mas seu impacto ainda reverba no solo haitiano. Para tentar entender esse processo, o Terra procurou atores sociais envolvidos no 2010 haitiano. Alguns deles já estavam lá antes, ajudando o país ao menos desde 2004, quando uma crise política irrompeu no país. Outros foram chamados pela emergência do terremoto, e seguem ainda lá - e por lá permanecerão.

A Médicos Sem Fronteiras é uma das instituições que está há mais tempo no país: são vinte anos de trabalho, iniciado em 1991. Com base nesse espectro e questionada se 2010 foi o ano mais difícil da história da organização, a opinião de Alessandra Vilas Boas, coordenadora de comunicação no país, é emblemática: "Você pode dizer que a nossa operação de ajuda humanitária no Haiti foi a maior da história da organização", que, fundada em 1971.

A avaliação encontra respaldo na opinião de Ricardo Seitenfus, analista internacional e membro da Organização dos Estados Americanos. "Foi a maior catástrofe natural de memória da humanidade, concentrada num raio de 100km, com uma densidade demográfica das mais elevadas das Américas, e onde jamais se preocupou fazer frente a um terremoto de 7,3 graus na Escala Richter", diz ele.

Mesmo que a situação seja ainda crítica, há avanços que precisam ser levados em conta, defende o Exército brasileiro. "Você vê um alívio de circulação nas ruas. O calendário escolar voltou. Os aeroportos estão operando. Se você caminhar pela cidade, você vê o comércio informal funcionando", descreve o Coronel Valdir Campelo Júnior, chefe do Batalhão de Comunicação Social brasileiro da missão de paz da ONU.

Para a ONG Viva Rio, há muito a ser repensado. "Acho que precisamos evoluir sobretudo num plano mais intermediário, das cidades, das prefeituras, dos órgãos funcionais que cuidam do lixo, da água, do trânsito, da polícia, onde se pode evoluir muito, qualquer que seja o quadro político, desde que haja estabilidade institucional", avalia o diretor Rubem Cesar Fernandes.

Enquanto o governo não se forma, os haitianos vivem sob a necessidade de medidas complexas e emergenciais. "Tomara que a gente possa contar com a ajuda de muita gente e que essa missão se realize de forma bastante ampla - e que se realize logo. Não podemos ficar esperando muito tempo, porque tem muita gente morrendo", torce a irmã Rosângela, da Pastoral da Criança, amiga e colega de Zilda Arns, vítima do terremoto.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade