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América Latina

Scioli e Macri iniciam corrida por votos para o segundo turno na Argentina

26 out 2015 - 19h32
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A Argentina estreou nesta segunda-feira um inédito ciclo político, no qual o governista Daniel Scioli e o conservador Mauricio Macri protagonizam uma apertada corrida em busca de votos para o segundo turno das eleições presidenciais.

"É o começo de uma nova Argentina", disse Macri hoje em sua primeira entrevista coletiva após as eleições de domingo, nas quais superou todas as previsões e somou 34,34% dos votos, apenas 2,5% abaixo do candidato governista.

Para Scioli, "o segundo turno é uma grande final pelo futuro do país", conforme declarou no primeiro contato com a imprensa, uma convocação que se transformou em ato de campanha ao ser recebido por dezenas de colaboradores e simpatizantes.

Apesar ter sido o mais votado no pleito de domingo, Scioli foi o grande perdedor da vez, não só porque não conseguiu ganhar no primeiro turno mesmo sendo o favorito nas pesquisas, mas porque obteve apenas 36% dos votos, porcentagem menor do que alcançou nas primárias de agosto. No entanto, tentou se mostrar otimista.

"Sejamos claros, voltamos a ganhar a eleição. As visões do socialismo e de Macri estão muito mais distantes. O problema está com ele (Macri), não conosco", insistiu.

Ambos os candidatos levarão suas novas estratégias para a frenética campanha que ocorrerá nas próximas quatro semanas em busca do voto das forças que ficaram fora do segundo turno.

Na mira tanto da Frente para a Vitória, de Scioli, como do Mudemos, de Macri, está o peronista dissidente Sergio Massa, líder da Frente Renovadora e da coalizão Unidos por uma Nova Alternativa (UNA), que, com 21,34% dos votos, se tornou uma peça decisiva no novo mapa político argentino.

No domingo, Massa definiu a força que lidera como "fiadora de uma mudança para construir um amanhã melhor" e adiantou que a coalizão providenciará "um documento único" sobre sua estratégia política porque o objetivo é que "não se discutam acusações, e sim programas de governo".

Macri e Scioli também buscam o voto de outras partes do peronismo, de socialistas e progressistas. Em jogo estão os 3,27% de votos conseguidos no pleito de domingo por Nicolás del Caño (Frente de Esquerda), os 2,54% da frente Progressistas, de Margarita Stolbizer, e o 1,67% da coligação Compromisso Federal, do peronista Adolfo Rodríguez Saá.

"Estamos aqui para representá-los, com responsabilidade, com humildade", disse Macri nesta segunda-feira.

"A palavra mudança pode ser muito atrativa, mas temos que fazer uma discussão profunda, que tipo de mudança queremos na Argentina", alertou Scioli.

Ao contrário do ocorrido na campanha para o primeiro turno presidencial, o candidato kirchnerista se mostrou disposto a debater publicamente com Macri e prometeu uma "análise profunda da responsabilidade e a autocrítica" dos resultados eleitorais, que ficaram muito longe dos dez pontos de vantagem apontados pelas pesquisas.

Os resultados nas urnas são explicados, em parte, pela equipe de Scioli com o golpe sofrido na província de Buenos Aires, o maior colégio eleitoral do país, onde contra todas as previsões o governista Aníbal Fernández, atual chefe de gabinete do governo, perdeu para a candidata do Mudemos, María Eugenia Vidal.

A própria força de Macri atribui o bom resultado à vitória de Vidal, que conseguiu 39,49% dos votos contra 35,18% de Aníbal Fernández. Vidal rompeu com quase três décadas de hegemonia peronista e será a primeira governadora da província bonaerense, a mais rica e populosa do país.

A grande ausente do dia foi a presidente Cristina Kirchner, que se manteve em silêncio sobre o cenário político argentino. A governante também esteve ausente durante a longa noite eleitoral, na qual os primeiros resultados oficiais foram recebidos seis horas depois do fechamento das urnas.

A única informação vazada foi que Cristina Kirchner felicitou a cunhada, Alicia Kirchner, pela vitória no governo da província de Santa Cruz, na Patagônia argentina, o berço do kirchnerismo.

EFE   
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