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Santos supera 'padrinho' Uribe e bate recorde de votos

20 jun 2010 - 20h46
(atualizado às 22h27)
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Muito popular pelo combate à guerrilha quando ministro da Defesa, Juan Manuel Santos se tornou neste domingo presidente da Colômbia ao arrasar nas eleições com 1,5 milhão de votos a mais que os conseguidos em 2006 por Álvaro Uribe.

O presidente eleito no segundo turno das eleições presidenciais colombianas, Manuel Santos, faz o pronunciamento após vitória nas urnas
O presidente eleito no segundo turno das eleições presidenciais colombianas, Manuel Santos, faz o pronunciamento após vitória nas urnas
Foto: EFE

Com 69% dos votos (quase 9 milhões), o candidato governista venceu em 31 dos 32 departamentos (estados) do país. Seu adversário, Antanas Mockus, do Partido Verde, conseguiu apenas 27,5%.

Candidato a presidente mais votado em 50 anos, Santos se apresentou aos eleitores como o continuador das políticas de Uribe, que mantém níveis de popularidade superiores a 70%. E o recente resgate de três policiais e um militar há anos sequestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) parece ter dado a ele o apoio definitivo que precisava nessas eleições, marcadas pela elevada abstenção de 55%.

Como ministro da Defesa de Uribe, Santos idealizou e autorizou a operação na qual foi abatido o número dois das Farc, Luis Edgar Devia Silva, conhecido como Raúl Reyes, em um bombardeio aéreo a um acampamento da guerrilha no Equador em março de 2008. Esse ataque fez com que Correa rompesse as relações com a Colômbia e que fosse aberto um processo judicial no Equador contra o candidato do Partido Social da Unidade Nacional.

Também à frente da Defesa, Santos elaborou a operação pela qual oficiais do Exército enganaram as Farc, fazendo-se passar por uma missão humanitária, e resgataram 15 reféns da guerrilha, entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e três americanos.

Santos foi o responsável pelo início das negociações com os Estados Unidos sobre o acordo militar assinado em outubro passado, que permite a militares e assessores americanos usarem sete bases em território colombiano para a luta contra o narcotráfico e o terrorismo. A assinatura do acordo levou a Venezuela a congelar as relações diplomáticas e comerciais com a Colômbia por considerar a presença de soldados americanos perigosa para a segurança regional e, sobretudo, a de seu país.

A gestão de Santos no Ministério da Defesa foi marcada também pelo escândalo de jovens assassinados por militares, que os apresentaram como guerrilheiros mortos em combate para receber benefícios, tais como folgas nos finais de semana, no caso conhecido como "falsos positivos".

Nascido em Bogotá em 10 de agosto de 1951, Santos começou a carreira política em 1972 ao representar durante nove anos a Colômbia na Organização Internacional do Café, em Londres. Ao retornar a seu país, assumiu o cargo de subdiretor do jornal El Tiempo, propriedade de sua família.

O ex-presidente colombiano César Gaviria o nomeou, em 1991, ministro do Comércio Exterior, função pela qual impulsionou acordos comerciais com cinco países e com a Comunidade do Caribe (Caricom). Entre 1995 e 1997, fez parte da máxima direção do Partido Liberal, atualmente de oposição, e apresentou pela primeira vez sua candidatura à Presidência colombiana.

O ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998) afirmou recentemente que, durante esses anos, Santos liderou um plano com os paramilitares para derrubá-lo durante o Governo, versão que coincide com declarações em 2007 do ex-chefe da extrema-direita armada, Salvatore Mancuso, agora extraditado aos EUA.

Durante o Governo de Andrés Pastrana (1998-2002), Santos trabalhou como ministro da Fazenda e Crédito Público e teve de enfrentar uma grave crise econômica. Em 2004, se afastou do Partido Liberal para apoiar Uribe. Foi um dos criadores do Partido Social da Unidade Nacional, a força política que ganhou as legislativas de 2006 e as do último dia 14 de março.

Casado com María Clemencia Rodríguez e pai de María Antonia, Martín e Esteban, o candidato pró-governo estudou Economia e Administração de Empresas na Universidade do Kansas (EUA). Ele também estudou Desenvolvimento Econômico e Administração Pública na Escola de Economia de Londres e na Universidade de Harvard. Tem doutorado em Direito.

O candidato fez alguns desses estudos graças às bolsas que ganhou das fundações americanas Fulbright e Newmann. Também trabalhou como professor de Ciências Econômicas na Universidade de Los Andes, em Bogotá.

É autor de vários livros, entre eles um sobre a Terceira Via, que escreveu junto ao ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Além disso, criou a Fundação Bom Governo na Colômbia. Em seu último livro, Jaque al terrorismo (Xeque ao terrorismo, em tradução livre), Juan Manuel Santos relata as grandes operações militares que dirigiu durante sua gestão como ministro da Defesa.

EFE   
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