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América Latina

Santos, o idealizador dos maiores golpes contra as Farc

28 mai 2010 - 09h03
(atualizado às 09h22)
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Juan Manuel Santos, candidato do partido governista à sucessão de Álvaro Uribe na Presidência da Colômbia, foi o estrategista dos maiores golpes contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e impulsor da internacionalização da economia colombiana.

No entanto, sua recente ascensão política está marcada pela polêmica com Equador e Venezuela, cujo presidente Hugo Chávez afirmou que, caso Santos seja eleito presidente nas eleições do próximo domingo (ou no provável segundo turno de 20 de junho), isso apenas agravaria as deterioradas relações bilaterais.

Como ministro da Defesa de Uribe, Santos idealizou e autorizou a operação na qual foi abatido o número dois das Farc, Luis Edgar Devia Silva, conhecido como Raúl Reyes, em um bombardeio aéreo a um acampamento da guerrilha no Equador em março de 2008, que deixou outros 25 mortos.

Esse ataque fez com que Correa rompesse as relações com a Colômbia e que fosse aberto um processo judicial no Equador contra o candidato do Partido Social da Unidade Nacional.

Também como titular da Defesa, Santos elaborou a operação pela qual oficiais do Exército enganaram as Farc, fazendo-se passar por uma missão humanitária, e resgataram 15 reféns da guerrilha, entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e três americanos.

Santos foi o responsável pelo início das negociações com os Estados Unidos sobre o acordo militar assinado em outubro passado, que permite a militares e assessores americanos usarem sete bases em território colombiano para a luta contra o narcotráfico e o terrorismo.

A assinatura desse acordo levou a Venezuela a congelar as relações diplomáticas e comerciais com a Colômbia por considerar que a presença de soldados americanos põe em perigo a segurança regional e sobretudo a de seu país.

A gestão de Santos no Ministério da Defesa foi marcada também pelo escândalo de jovens assassinados por militares, que os apresentaram como guerrilheiros mortos em combate para receber benefícios, tais como folgas nos finais de semana, no caso conhecido como "falsos positivos".

Nascido em Bogotá em 10 de agosto de 1951, Santos começou sua carreira política em 1972 ao representar durante nove anos a Colômbia na Organização Internacional do Café, em Londres.

Ao retornar a seu país, assumiu o cargo de subdiretor do jornal "El Tiempo", propriedade de sua família e que recentemente vendeu a maioria das ações ao grupo espanhol Planeta.

O ex-presidente colombiano César Gaviria o nomeou, em 1991, ministro do Comércio Exterior, função pela qual impulsionou acordos comerciais com cinco países e com a Comunidade do Caribe (Caricom).

Entre 1995 e 1997, ele fez parte da máxima direção do Partido Liberal, atualmente de oposição, e apresentou pela primeira vez sua candidatura à Presidência colombiana.

O ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998) afirmou recentemente que, durante esses anos, Santos liderou um plano com os paramilitares para derrubá-lo durante seu Governo, versão que coincide com declarações em 2007 do ex-chefe da extrema-direita armada Salvatore Mancuso, agora extraditado aos EUA.

Durante o Governo de Andrés Pastrana (1998-2002), Santos trabalhou como ministro da Fazenda e Crédito Público e teve de enfrentar uma grave crise econômica.

Em 2004, se afastou do Partido Liberal para apoiar Uribe. Foi um dos criadores do Partido Social da Unidade Nacional, a força política que ganhou as legislativas de 2006 e as do último dia 14 de março.

Casado com María Clemencia Rodríguez e pai de María Antonia, Martín e Esteban, o candidato pró-Governo estudou Economia e Administração de Empresas na Universidade do Kansas (EUA).

Ele também estudou Desenvolvimento Econômico e Administração Pública na Escola de Economia de Londres e na Universidade de Harvard. Tem doutorado em Direito.

O candidato fez alguns destes estudos graças às bolsas de estudos que ganhou das fundações americanas Fulbright e Newmann. Também trabalhou como professor de Ciências Econômicas na Universidade de Los Andes, em Bogotá.

É autor de vários livros, entre eles um sobre a Terceira Via, que escreveu junto ao ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Além disso, criou a Fundação Bom Governo na Colômbia.

Em seu último livro, "Jaque al terrorismo" ("Xeque ao terrorismo", em tradução livre), Juan Manuel Santos relata as grandes operações militares que dirigiu durante sua gestão como ministro da Defesa.

EFE   
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