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América Latina

Regime cubano agora quer matar minha imagem, diz Yoani no Brasil

19 fev 2013 - 15h04
(atualizado às 15h05)
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A dissidente cubana Yoani Sánchez, que foi recebida no Brasil esta semana com protestos de militantes pró-Cuba acusando-a de ser agente da CIA, disse nesta terça-feira que a estratégia do regime comunista contra ela agora é denegrir sua imagem, para desqualificar as críticas que faz ao governo em seu blog.

A mais conhecida dissidente cubana, a blogueira Yoani Sánchez, fala em coletiva de imprensa em Feira de Santana. 19/02/2013
A mais conhecida dissidente cubana, a blogueira Yoani Sánchez, fala em coletiva de imprensa em Feira de Santana. 19/02/2013
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Yoani, a mais conhecida ativista de oposição da ilha comunista, finalmente recebeu autorização para sair de Cuba e escolheu o Brasil como a primeira parada de uma viagem que a levará a diversos países.

A blogueira, no entanto, foi recebida com protestos nos aeroportos de Recife e Salvador, na segunda-feira, e a exibição em Feira de Santana (BA) de um documentário em que ela é entrevistada teve de ser suspensa, na noite de segunda, por causa dos protestos. A polícia precisou ser chamada ao local.

"Não temo pela minha vida. Não temo pela minha vida porque acredito que a estratégia do governo cubano agora contra mim não é matar meu corpo, mas sim minha imagem", disse Yoani em entrevista coletiva organizada pelo cineasta Dado Galvão, diretor do documentário "Conexão Cuba x Honduras".

O documentário será exibido em São Paulo com a presença de Yoani esta semana, segundo Dado.

Yoani, de 37 anos, recebeu seu passaporte há apenas duas semanas, graças a uma reforma de imigração cubana que entrou em vigor neste ano, depois de ter seu pedido para viajar negado mais de 20 vezes nos últimos cinco anos.

A blogueira, que ganhou uma série de prêmios internacionais por seu blog "Geração Y", mas não conseguiu permissão para viajar e recebê-los, disse que vai fazer isso agora e que pretende usar parte do dinheiro dos prêmios para fundar uma imprensa livre em Cuba.

"Quero que seja um veículo de imprensa responsável com a realidade e com o futuro do meu país, não um meio de imprensa que alimenta a vingança nem o ressentimento nem o ódio, um meio de imprensa que analisa objetivamente a realidade, de informações aos cubanos e proponha soluções", disse Yoani.

A visita da dissidente ao Brasil levou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) a apresentar requerimentos ao Senado solicitando a presença dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e do embaixador cubano no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez, para esclarecer denúncia feita pela revista Veja, no fim de semana, sobre um possível plano de Cuba para espionar Yoani no Brasil.

(Reportagem de Sérgio Queiroz)

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