Rafael Correa denuncia tentativa de golpe e se diz traído
30 set2010 - 14h44
(atualizado às 18h21)
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O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou nesta quinta-feira, em entrevista à rádio pública do país, que é vítima de uma "tentativa de golpe de Estado" por parte de setores opositores e das Forças Armadas próximas ao ex-presidente Lucio Gutiérrez. O líder afirmou também que se sente traído pela revolta. "Sinto-me traído, é uma traição à pátria", disse o líder do equatoriano direto do hospital para onde foi encaminhado após ser atingido por bombas de gás.
Presidente do Equador desafia manifestantes, veja:
"É claro de onde vem essa tentativa desestabilizadora", afirmou ainda o presidente, lembrando que em seu discurso nesta quinta-feira diante dos policiais que ocuparam o principal regimento em Quito, os manifestantes citaram Gutiérrez, derrocado por uma revolta popular em abril de 2005. "É impressionante a covardia, eles usam máscaras, batem, atiram bombas de gás lacrimogêneo contra o presidente da República", denunciou o governante.
Correa teve de ser atendido depois tentar sufocar o protesto de policiais. Apoiado numa muleta pelo fato de que foi submetido há pouco a uma operação no joelho, o presidente conseguiu sair do quartel usando uma máscara de proteção e ajudado por seguranças depois da explosão de várias bombas de gás lacrimogêneo. Correa foi levado para o hospital da polícia, onde foi atendido com sintomas de asfixia pelo gás. Do lado de fora, dezenas de policiais continuavam protestando.
Rafael Correa advertiu aos policiais que não cederá ante os protestos da polícia, que rejeita a lei aprovada pelo Congresso eliminando benefícios aos membros dessa instituição e das Forças Armadas. "Não darei nenhum passo atrás. Se quiserem, tomem os quarteis, se quiserem deixar a cidadania indefesa e se quiserem trair sua missão de policiais", afirmou Correa em uma acalorado discurso ante dezenas de militares que tomaram o principal regimento de Quito.
"Se quiserem matar o presidente, aqui estou, matem-no se tiverem vontade, matem-no se tiverem poder, matem-no se tiverem coragem ao invés de fiar covardemente escondido na multidão", afirmou ainda. "Se quiserem destruir a pátria, aí está! Mas o presidente não dará nem um passo atrás". Paralelo a isso, cerca de 150 membros da Força Aérea Equatoriana (FAE) tomaram nesta quinta-feira o aeroporto internacional de Quito.
"Cerca de 150 efetivos da Força Aérea Equatoriana tomaram a pista do aeroporto Marechal Sucre e também a rua na entrada", afirmou à rádio Quito o porta-voz da empresa administradora Quiport, Luis Galárraga. Os agentes também protestam em outros quarteis de Guayaquil (sudoeste) e Cuenca (sul), segundo informes policiais, mas a manifestação mais numerosa acontece na capital, onde ocorreram distúrbios.
Dissolução da Assembleia
Mais cedo, Correa, disse que estudava a possibilidade de emitir um decreto dissolvendo a Assembleia Nacional, em função de um conflito interno com seu movimento político que vem freando a promulgação de leis cruciais para seu projeto socialista. A dissolução é uma possibilidade prevista na Constituição aprovada em 2008, que permite ao presidente adotar a medida e convocar eleições imediatas para a escolha de novas autoridades.
"É um cenário que ninguém deseja, mas é uma possibilidade quando não existem condições para levar adiante o processo de mudanças", disse a ministra de Política, Doria Solís, na noite de quarta-feira. Para emitir o decreto, Correa precisará da aprovação prévia da Corte Constitucional, outra função do Estado que vela pela vigência da Constituição.
Solís acrescentou que a decisão final dependerá da Assembleia Nacional para reconsiderar uma votação sobre reformas legais que visam reduzir as dimensões da máquina pública. "Estávamos avaliando. Ainda não foi tomada uma decisão. Nossa bancada tem a obrigação de ser coerente com o projeto. Desta maneira não é possível fazer política, e menos ainda um projeto de transformações", disse a ministra.
O presidente Rafael Correa é carregado após passar mal por causa do gás lançado durante os protestos
Foto: AFP
Rafael Correa, vestindo máscara de proteção contra gás, recebe ajuda para sair do local do protesto
Foto: AFP
O presidente equatoriano usa máscara enquanto fala com repórteres, pouco antes de ir para o hospital
Foto: AFP
Rafael Correa (centro, de terno) fica em meio à fumaça do gás jogado durante os protestos
Foto: AFP
O presidente equatoriano, Rafael Correa, faz pronunciamento no Regimento do Exército de Quito
Foto: AFP
Policial rebelde participa do protesto, em Quito
Foto: AFP
Soldado usa máscara de proteção contra gás durante a manifestação militar
Foto: AFP
Rafael Correa usa máscara anti-gás e recebe ajuda de assessores para sair do local do protesto
Foto: Reuters
Rebeldes queimam pneus durante o movimento próximo ao quartel de polícia, em Quito
Foto: Reuters
O presidente equatoriano, Rafael Correa, retira a máscara enquanto caminha entre os manifestantes
Foto: Reuters
O presidente Rafael Correa faz discurso no quartel de Quito, pouco antes de ser atingido por gás lacrimogêneo
Foto: Reuters
Policial rebelde usa máscara enquando bombas de gás lacrimogêneo são lançadas
Foto: AFP
Assessores ajudam o presidente Rafael Correa a retirar a máscara anti-gás lacrimogêneo
Foto: Reuters
Manifestantes seguram cartazes e apoiam movimento policial rebelde, na capital equatoriana
Foto: Reuters
General de polícia fala aos rebeldes durante a movimentação contra o governo de Correa, em Quito
Foto: Reuters
Assessores limpam o rosto de Rafael Correa, que foi agredido por rebeldes durante o protesto militar
Foto: EFE
Militares rebeldes ocupam a pista do aeroporto de Quito, que foi fechado devido ao protesto
Foto: EFE
Manifestantes queimam pneus em frente à unidade policial, em Quito
Foto: EFE
Militares rebeldes tomam a pista do aeroporto de Quito durante os distúrbios provocados por protestos
Foto: Reuters
Militares rebeldes seguram cartaz com reclamações sobre as leis impostas pelo governo equatoriano
Foto: Reuters
O presidente chileno, Sebastián Piñera, emite declaração em que expressa seu respaldo a Correa
Foto: EFE
Policiais jogam gás lacrimogêneo contra apoiadores do presidente Rafael Correa em frente à Assembleia
Foto: AFP
Integrantes da Força Aérea fazem guarda em frente ao Aeroporto Mariscal Sucre, em Quito
Foto: AFP
O fotógrafo da assessoria do governo equatoriano Miguel Jimenez (centro) é cercado por policiais em frente ao quartel de Quito
Foto: AFP
Policiais amotinados prendem um guarda-costas em frente ao hospital onde está o presidente Rafael Correa
Foto: AFP
O presidente da Bolívia, Evo Morales, teve um "grave tumor" no nariz no início de 2009 e foi convidado pelo presidente Lula para ser operado em um hospital de São Paulo, segundo um documento divulgado pelo WikiLeaks e desmentido pelo porta-voz de Morales, Ivan Canelas. O documento, de 22 de janeiro de 2009, traz uma conversa entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o embaixador americano no Brasil, Clifford M. Sobel, confirmando a questão
Foto: Reuters
Ministro das Relações exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, lê declaração do presidente, Raul Castro sobre a situação no Equador
Foto: Reuters
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, falou durante visita ao Haiti
Foto: EFE
Secretario geral da Organização dos Estados Americanos fala sobre a crise no Equador
Foto: EFE
O presidente boliviano, Evo Morales, fala sobre a crise no Equador
Foto: Reuters
Policial rebelado usa placa de publicidade como escudo para se defender de pedras atiradas por simpatizantes do presidente Rafael Correa
Foto: Reuters
Manifestantes protestam em frente à embaixada equatoriana em Caracas, na Venezuela, contra crise no Equador
Foto: Reuters
População vai às ruas para manifestar apoio ao presidente Rafael Correa, que se refugiou em hospital após ser agredido em praça pública
Foto: AP
Mulher ergue cartaz em protesto contra a polícia em Quito: "os que estão armados jamais poderão dialogar"
Foto: AP
Policial sai com a mão ferida após confronto com grupos que apoiam o presidente Rafael Correa no Equador
Foto: EFE
Simpatizante do presidente Rafael Correa sofre com o gás lacrimogêneo usado pela polícia
Foto: Reuters
Simpatizantes de Rafael Correa entram em conflito com policiais do lado de fora do hospital onde o presidente equatoriano se refugiou
Foto: AP
O presidente do Equador, Rafael Correa, fala com a imprensa no palácio do governo em Quito, no Equador. O Exército resgatou Correa de um hospital onde tinha sido preso pelos rebeldes há mais de 12 horas, quando foi apreendido em meio ao gás lacrimogêneo disparado por centenas de policiais indignados com uma lei que, segundo alegam, cortaria seus benefícios
Foto: AP
Militares estendem faixa em frente ao Palácio Presidencial, em apoio ao governo de Rafael Correa
Foto: AP
Simpatizantes do presidente Rafael Correa seguram bandeiras e manifestam apoio junto a soldados
Foto: AP
Da janela do Palácio Presidencial, soldado olha para as ruas de Quito, que amanheceram calmas
Foto: AP
Militares da equipe especial resgatam o presidente Rafael Correa do hospital, em Quito
Foto: AFP
Chanceleres do Uruguai, Luis Almagro, da Argentina, Hector Timerman, do Equador, Ricardo Patino e da Bolívia, David Choquehuanca, chegaram a Quito para reunião
Foto: AP
Militares carregam corpo do soldado Jacinto Cortez, morto na operação de resgate de Correa
Foto: Reuters
Chanceleres buscam ratificar o respaldo à democracia após os distúrbios