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América Latina

Putin e Raúl Castro reforçam aliança estratégica entre Rússia e Cuba

7 mai 2015 - 17h14
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Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e de Cuba, Raúl Castro, expressaram nesta quinta-feira no Kremlin o desejo mútuo de manter e desenvolver a aliança estratégica entre os países, que agora tem como pano de fundo o processo de degelo das relações da ilha com os Estados Unidos.

"Não preciso descrever a qualidade das relações russo-cubanas, têm uma longa história, e, além disso, celebramos o 55º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas. Estamos muito contentes por vê-lo, seja bem-vindo", disse Putin a seu convidado ao começar a reunião.

Os líderes se cumprimentaram calorosamente e se abraçaram diante dos jornalistas antes de se dirigir à reunião, acompanhados de suas respectivas delegações e, mais tarde, a sós.

O líder cubano, o primeiro dos visitantes internacionais a chegar a Moscou para participar das celebrações do 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, agradeceu a Putin pelo convite.

"Eu não podia faltar a esta festa", afirmou Castro, após referir-se à "grande vitória dos povos da antiga União Soviética" sobre os nazistas.

Castro também destacou os importantes acordos no plano econômico alcançados durante a visita que Putin fez a Cuba em julho do ano passado, que agora pretendem botar em prática.

Sobre eles falou ontem, em seu primeiro dia de estadia em Moscou, com o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, em um encontro centrado na cooperação econômica.

Nem Putin nem Castro fizeram mais declarações após sua reunião de hoje, da qual não foram dados mais detalhes, mas os analistas consideram que o principal objetivo do líder caribenho é convencer Moscou que, apesar da aproximação entre Washington e Havana, Cuba continuará sendo um parceiro estratégico.

"Raúl Castro veio para pôr os pingos nos 'is' e comunicar claramente aos dirigentes russos que, apesar da importância e da necessidade de desenvolver a colaboração com os EUA, Cuba segue plenamente interessada em desenvolver a cooperação com a Rússia", disse o diretor do Centro de Estudos Políticos do Instituto da Academia de Ciências da Rússia, Boris Shmeliov.

Havana precisa de investimentos para tirar sua economia do ponto morto em que se encontra, e nesse sentido ganham força os projetos em âmbitos como o da energia e de infraestruturas que se quer desenvolver com a ajuda de Moscou.

Além disso, segundo Shmeliov, o dirigente comunista buscaria obter uma espécie de garantia de segurança de parte da Rússia para o caso que chegue à Casa Branca um líder mais duro que Barack Obama em política externa, que mude a postura em relação a Cuba demonstrada em março na Cúpula das Américas do Panamá.

As relações russo-cubanas, que esfriaram após a desintegração da URSS em 1991, foram impulsionadas de novo uma década depois.

No ano passado, por exemplo, a Rússia cancelou 90% da dívida contraída pela ilha perante Moscou durante a época soviética, de US$ 31 bilhões.

Castro participará no sábado do grandioso desfile militar na Praça Vermelha para comemorar o 70º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, junto a outros aliados da Rússia, como o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o da China, Xi Jinping.

A tradicional parada militar de 9 de maio será acompanhada por cerca de 30 chefes de Estado ou de governo mundiais, mas nenhum líder ocidental, apesar dos convites feitos por Moscou, submetida a sanções por seu papel na crise da Ucrânia.

"A presença de Castro na parada demonstra que, apesar das tentativas dos EUA de normalizar as relações com Cuba, a prioridade estratégica para Havana continua sendo a Rússia", disse à Agência Efe Leonid Ivashov, antigo general soviético e chefe da Academia de Assuntos Geopolíticos da Rússia.

Precisamente quando as relações russo-americanas passam por uma grande tensão, o líder cubano viajará no próximo domingo ao Vaticano para agradecer ao papa Francisco por sua mediação na aproximação entre Cuba e seu vizinho do norte.

EFE   
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