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América Latina

Promotor Nisman não confiava 'nem no segurança', diz acusado

Encarregado do complexo caso do atentado contra a mutual judaica AMIA, em 1994, promotor argentino dispunha de dez policiais que se revezavam em sua segurança

28 jan 2015 - 18h33
(atualizado às 19h11)
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<p>Diego Lagomarsino afirmou que Alberto Nisman temia pela segurança de suas filhas.</p>
Diego Lagomarsino afirmou que Alberto Nisman temia pela segurança de suas filhas.
Foto: Enrique Marcarian / Reuters

O promotor argentino Alberto Nisman não confiava mais nem no próprio segurança antes de morrer, afirmou nesta quarta-feira o colaborador Diego Lagomarsino, o único acusado no caso por ter lhe emprestado a arma calibre 22 de onde saiu o tiro que o matou.

"Não estou bem", disse Lagomarsino ao inciar sua primeira coletiva em Buenos Aires, acompanhado de seu advogado, para detalhar seus últimos contatos com o promotor, no sábado, antes do domingo, 18 de janeiro, em que ele apareceu morto.

Ao contar como Nisman lhe pediu a arma, o técnico em informática disse que o promotor lhe disse: "não confio mais nem mesmo no segurança".

Nisman, promotor especial desde 2004, encarregado do complexo caso do atentado contra a mutual judaica AMIA, em 1994, dispunha de dez policiais que se revezavam em sua segurança.

Segundo Lagormasino, o promotor temia pela segurança de suas filhas, de 7 e 15 anos, fruto do relacionamento com a ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo Salgado, que estavam de férias na Espanha no momento de sua morte.

"Sabe o que é suas filhas não quererem estar com você porque têm medo?", teria dito Nisman, segundo relato de Lagomarsino.

"Eu respondi: olha, é uma arma velha, é uma 22", relatou o diálogo que teria mantido no sábado, quando Nisman lhe pediu emprestada a arma.

Segundo sua versão, Nisman disse que queria uma arma para "levar no porta-luvas, caso aparecesse algum maluco" e me disse, "é o único favor que te peço e não vai fazer?", lembrou.

Lagomarsino falou à imprensa ao lado do advogado, Maximiliano Rusconi, visivelmente tenso e em várias oportunidades sua voz ficou embargada.

Rusconi, que defende o ex-presidente Carlos Menem (1989-99) no caso de contrabando de armas para o Equador e a Croácia, disse que pedirá que a presidente Cristina Kirchner se apresente para dar declaração depois de ter divulgado informação pessoal de Lagomarsino em mensagem à nação, na segunda-feira passada.

Nisman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento, no exclusivo bairro de Puerto Madero, na capital, com um tiro na cabeça.

Em sua mesa de escritório estava a documentação que seria usada horas depois em sua apresentação ao Congresso para explicar sua denúncia contra Kirchner e o chanceler Héctor Timerman, por suposto acobertamento dos iranianos acusados no atentado de 1994 contra a AMIA, que deixou 85 mortos e 300 feridos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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