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América Latina

Promotor argentino apela de decisão que livrou presidente de acusação de acobertamento

4 mar 2015 - 16h53
(atualizado às 16h53)
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O promotor argentino que investiga as acusações de que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, tentou acobertar o suposto envolvimento do Irã num atentado a bomba de 1994 apelou nesta quarta-feira de uma decisão judicial da semana passada para arquivar o caso.

Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante evento em Buenos Aires. 11/02/2015
Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante evento em Buenos Aires. 11/02/2015
Foto: Enrique Marcarian / Reuters

O juiz "não deu continuidade" ao caso instigado pelo famoso promotor Alberto Nisman, encontrado morto em janeiro em circunstâncias misteriosas. A denúncia foi reenviada no mês passado pelo promotor Gerardo Pollicita.

A morte de Nisman, um dia antes de testemunhar perante o Congresso sobre sua alegação contra a presidente, chocou a Argentina e prejudicou a credibilidade do governo, que enfrenta eleições em outubro.

Muitos argentinos também expressaram revolta com a decisão do juiz Daniel Rafecas de descartar as afirmações de Nisman sem um julgamento.

"Uma hipótese criminosa de severidade e importância institucional excepcional, como a apresentada pelo doutor Nisman, exige todos os esforços possíveis para se tentar chegar à verdade absoluta do que aconteceu", disse Pollicita em comunicado anunciando a apelação.

Em janeiro, Nisman acusou Cristina de tentar desviar o foco dos iranianos suspeitos do bombardeio da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em Buenos Aires em 1994, que matou 85 pessoas, para ter acesso ao petróleo do Irã.

Quatro dias depois de fazer a denúncia, ele foi encontrado morto com um tiro em seu apartamento, o que levou a uma enxurrada de teorias conspiratórias.

Na última quinta-feira, Rafecas rejeitou as alegações de Nisman por falta de provas. Ele afirmou que, pelo contrário, o governo fez tudo que pôde para ajudar a investigação do atentado.

O governo de Cristina tem dito que as acusações de Nisman eram parte de um plano para sujar o nome da presidente e aplicar um golpe de Estado no país, que sofreu seis deles no último século.

O governo publicou anúncios de página inteira em jornais do país nesta quarta-feira levantando dúvidas sobre a motivação de Nisman para pressionar com acusações de acobertamento contra a mandatária.

No mesmo anúncio, o governo enfatizou que seu acordo com o Irã, que teria permitido o interrogatório dos suspeitos iranianos mas foi suspenso, continua sendo a melhor maneira de se chegar à verdade sobre o atentado de 1994.

No ano passado, Nisman procurou um tribunal federal para denunciar o acordo como "inconstitucional". Teerã nega qualquer responsabilidade no ataque e se recusa a extraditar seus cidadãos.

(Reportagem adicional de Hugh Bronstein e Eliana Raszewksi)

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