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América Latina

Presidente argentina ficará um mês de repouso após traumatismo craniano

6 out 2013 - 17h21
(atualizado às 17h27)
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A presidente argentina, Cristina Kirchner, de 60 anos, permanecerá um mês de repouso depois de sofrer um traumatismo craniano em 12 de agosto que provocou um hematoma subdural crônico, informou o governo.

Kirchner "sofreu um traumatismo craniano em 12 de agosto, e não houve sintomas", mas exames realizados no sábado detectaram um "hematoma subdural crônico" e foi recomendado o repouso de um mês, de acordo com a nota oficial lida pelo porta-voz da presidência argentina, Alfredo Scoccimarro.

O governo destacou que, nesse período, a presidente fará um "acompanhamento evolutivo clínico e de imagens", mas não explicou se Kirchner recebeu a recomendação de repouso total.

O aliado Daniel Scioli pediu neste domingo que se tenha "confiança nas decisões" do governo e dos médicos para o tratamento da presidente.

"Tenhamos confiança nas decisões relacionadas à prevenção e ao cuidado da saúde da presidente para não expô-la a qualquer risco maior", afirmou o governador da província de Buenos Aires e presidenciável para 2015, Daniel Scioli, em entrevista coletiva.

"Possivelmente, não poderá estar de forma ativa em nenhum ato, ou questão institucional, mas seus projetos e gestão estão muito presentes", acrescentou.

De fato, a indicação médica implica que a participação de Cristina na campanha será nula, ou quase nula, de acordo com análises divulgadas na imprensa local neste domingo.

No sábado, Kirchner compareceu a uma clínica privada de Buenos Aires para realizar "um exame cardiovascular por uma arritmia e, por ter apresentado um quadro de cefaleia, foi solicitada uma avaliação neurológica". A análise levou ao diagnóstico de "hematoma subdural crônico" depois de ter sofrido o traumatismo craniano, disse Scoccimarro.

"Os hematomas subdurais acontecem quando se acumula sangue no espaço subdural, entre as membranas do cérebro, e os sintomas aparecem entre a semana e um mês depois do traumatismo", explicou o médico Fernando Iglesias.

De acordo com o cirurgião, "geralmente acontecem em adultos com um traumatismo leve".

A presidente argentina sofreu vários episódios de hipotensão nos últimos anos que a obrigaram a suspender atividades oficiais.

Em janeiro de 2012, menos de um mês depois de ter iniciado o segundo mandato, a chefe de Estado foi submetida a uma operação de extirpação da glândula tireoide, mas os médicos constataram que ela não sofria de câncer como havia sido diagnosticado inicialmente.

Kirchner deixou a clínica particular Fundación Favaloro na noite de sábado, depois de passar dez horas no local para diversos exames.

O período de repouso envolve as importantes eleições legislativas de 27 de outubro, que marcam a metade de seu segundo mandato, que vai até 2015.

A presidente Kirchner participava de vários eventos relacionados à votação, após a derrota de seu principal candidato nas primárias que consagraram os postulantes para as eleições parlamentares.

O traumatismo craniano foi sofrido em 12 de agosto, um dia depois das primárias. Suas circunstâncias não foram divulgadas pelo governo.

O anúncio foi feito por Scoccimarro minutos depois da exibição da segunda parte de uma entrevista gravada com a presidente.

Na entrevista, exibida pelo canal América, Kirchner afirmou que nunca pensou em uma segunda reeleição, algo que exigiria uma reforma da Constituição. Na Argentina, o texto constitucional autoriza apenas dois mandatos consecutivos de quatro anos cada.

"O kirchnerismo é muito mais do que uma pessoa", afirma Cristina na entrevista, gravada há dez dias.

Em caso de enfermidade presidencial, a Constituição prevê que o vice-presidente assuma como interino. Nesse caso, a autoridade recai sobre Amado Boudou, de 50 anos, ex-ministro da Economia de Cristina Kirchner, entre 2009 e 2011.

Amante do rock e das motos, Boudou esteve à frente da Previdência Social em 2008 para aplicar a lei do Congresso que estatizou os fundos privados de aposentadoria. O vice-presidente é investigado em um caso sobre tráfico de influência em favor de uma gráfica. Ele não foi indiciado pela Justiça, devido à ausência de provas contra ele.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, amigo político do governo argentino, publicou neste domingo em sua conta na rede social Twitter "#FuerzaCristina Da Venezuela te acompanhamos com uma oração amorosa, para uma presidenta do Sul que ama seu povo. Pronta recuperação".

Lideranças do governo e da oposição também manifestaram seu apoio à presidente.

"Tantas tensões sobre si mesma tinham de causar alguma complicação. Seu estado de saúde me preocupa, mas eu a conheço, e ela é muito forte", declarou o deputado da base governista Jorge Landau, à rádio Nacional.

Cristina Kirchner enfrenta o duro desafio de conservar o controle do Congresso nas eleições de 27 de outubro para renovar metade dos deputados da Casa e um terço dos senadores, na metade de seu segundo e último mandato.

Nas eleições primárias obrigatórias de 11 de agosto passado, apesar de ter sido derrotado nos maiores distritos, o governo conseguiu manter sua condição de força mais votada em nível federal.

O marido de Cristina, o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), faleceu em 2010, vítima de um ataque cardíaco.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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