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América Latina

Peru: Congresso fragmentado deve obrigar formação de alianças

8 abr 2011 - 17h40
(atualizado às 19h18)
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A fraqueza histórica dos movimentos políticos no Peru fará com que, das eleições de 10 de abril, resulte um Congresso fragmentado, que forçará o estabelecimento de alianças entre os partidos. Embora a disputa das eleições demonstre que até o último momento se manterá a incerteza sobre os dois candidatos que disputarão um segundo turno à Presidência, a votação para o Legislativo será resolvida no dia 10 de abril com a certeza de que nenhum partido contará com maioria absoluta.

Keiko Fujimori Higuchi, 35 anos, é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, preso e sentenciado por violações contra os direitos humanos. A candidata da Força 2011 é formada em Administração de Negócios pela Universidade de Boston. Keiko é investigada por suspeita de ser cúmplice de enriquecimento ilícito - seus estudos teriam sido financiados pelo Estado -, mas ela negou as acusações
Keiko Fujimori Higuchi, 35 anos, é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, preso e sentenciado por violações contra os direitos humanos. A candidata da Força 2011 é formada em Administração de Negócios pela Universidade de Boston. Keiko é investigada por suspeita de ser cúmplice de enriquecimento ilícito - seus estudos teriam sido financiados pelo Estado -, mas ela negou as acusações
Foto: AP

Isto é demonstrado pelas pesquisas de opinião, que indicam que, pelo menos, cinco partidos terão representação em um espectro que passará de forças tão divergentes, como a conservadora Alianza por el Gran Cambio, do ex-ministro de Economia Pedro Pablo Kuczynski, até os nacionalistas do Gana Peru, de Ollanta Humala.

Junto a eles, as maiores bancadas serão as de Furza 2011, da atual legisladora Keiko Fujimori; Perú Posible, do ex-presidente Alejandro Toledo; e Solidariedad Nacional, do ex-prefeito de Lima Luis Castañeda. Atrás ficará o governante Partido Aprista Peruano (PAP), que, apesar das conquistas econômicas do Governo do presidente Alan García, é rejeitado por um grande setor do eleitorado e poderia não superar a barreira mínima de 5%.

A poucos dias das eleições, o panorama parece claro sobre a situação legislativa nos próximos cinco anos, tal como mostrou uma última pesquisa da empresa privada TPI, que antecipou que alguma formação obteria, no melhor dos casos, 30 das 130 cadeiras. A distribuição do Congresso transformaria como os partidos mais votados o Fuerza 2011 e Peru Posible, cada um com cerca de 30 legisladores, seguidos por Gana Peru, com 23; Solidariedad Nacional, com 21; Alianza por el Gran Cambio, com 19; e o Partido Aprista, com 12.

Por esse motivo, a eleição do Parlamento, realizada simultaneamente com a presidencial, confirmará que o novo Executivo terá um ponto fraco em um Congresso muito fragmentado e com grandes riscos de troca de partidos. Este fenômeno foi tão constante nos últimos Parlamentos, quando Peru Posible e os nacionalistas sofreram uma autêntica troca de cadeiras, que o secretário técnico da Associação Civil Transparência, Percy Medina, recomendou que os cidadãos conheçam bem os candidatos para evitar esse tipo de situação.

Quando foram apresentados os partidos para as eleições parlamentares, foi divulgado que seis congressistas que pertenciam à bancada do Unión por el Perú (UPP), antiga aliada de Humala, agora postularão na formação do Solidariedad Nacional. Este partido também recebeu dois atuais legisladores do "fujimorismo", que ficou balançado com o afastamento do partido Cambio 90.

Além disso, dois congressistas da Frente Independiente Moralizador e um do Peru Posible passaram para a Solidariedad Nacional. No meio deste cenário tão vulnerável, considera-se que a situação seria especialmente instável em um hipotético governo do nacionalista Humala, cuja gestão não teria apoio no Congresso para aplicar algumas de suas propostas, como a mudança da Constituição.

Analistas, como o sociólogo Julio Cotler, opinaram que Humala chegaria à Presidência com 25% de apoio e "com um Congresso no qual não teria nem a metade dos parlamentares, por mais alianças que faça". Quanto ao voto que pode atrair o "fujimorismo", o também analista Eduardo Toche, pesquisador do Centro de Estudos e Promoção de Desenvolvimento (Desco), disse à Agência Efe que esse voto é "muito sólido" e permitiria que esse agrupamento atraísse alguns independentes.

Para outro analista, Luis Benavente, "qualquer um que entrar (para a Presidência) terá que buscar alianças" no Congresso, embora com limitações pelas marcadas diferenças ideológicas. Tudo isto faz pensar, segundo Benavente, que "essas alianças não darão garantia absoluta de manuseio ao governante" em um cenário político que deixará "muita margem de jogo" durante o próximo quinquênio.

EFE   
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