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América Latina

Peixe também é preferência na Sexta-Feira Santa no Uruguai, paraíso da carne

3 abr 2015 - 16h11
(atualizado às 16h11)
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No Uruguai - onde o número de cabeças de gado é quatro vezes maior que a de pessoas e onde a carne é o produto nacional por excelência - em apenas um dia, a Sexta-Feira Santa, a corvina, o bacalhau e a pescada conseguem criar paixões e quebrar o monopólio da carne vermelha para ser a preferida na mesa.

Ao ar livre, com um sol forte e nos arredores do porto do Mergulho, uma pequena baía no litoral de Montevidéu, longas filas, constantes murmúrios diante das ofertas de última hora e "briga" para levar para casa a melhor peça, fizeram hoje das lojas do tradicional mercado do lugar o centro de todos os olhares.

"No Uruguai não temos muito a cultura da carne de peixe. A educação da alimentação não inclui muito pescado nas dietas. Mas a Sexta-Feira Santa sempre é tradição e se vende muito", explicou à Agência Efe Sandra, uma das funcionárias de Las Ostras, uma loja com 15 anos de experiência no ramo.

A pecuária é a principal fonte de receita do Uruguai, que com apenas 3,3 milhões de habitantes, é considerado o país com a maior quantidade de cabeças de gado por habitante ao contar com perto de 12 milhões, e ganhou além disso o título de país que "mais consome carne vermelha no mundo" ao registrar a cota mais alta de consumo de carne por pessoa.

"Hoje é um dia religioso, motivo da comunidade católica e não se pode comer carne, e então as pessoas procuram o pescado maciçamente. No Puertito del Buceo é tradicional. Há mais variedade e se concentra muito aqui", conta Manuel, que junto com a filha e neta espera pacientemente em uma longa fila.

Apesar de o Uruguai ser um estado país laico e com a cota de católicos, segundo pesquisas, mais baixa da América Latina, estes dias são festivos em quase todos os setores profissionais e certos aspectos culturais vinculados ao religioso se mantêm na prática popular como costumes herdados do passado.

"Há mais gente que outros dias. Ontem o movimento foi muito grande também o dia todo. Levam muita corvina para grelhar, depois pescada, marisco para fazer paellas, bacalhau...", contou Andrés, encarregado de pesca em alto-mar, e convencido de que a multidão reunida nesta sexta-feira nada tem a ver com o número habitual de clientes do resto do ano.

"Estamos na Semana da Páscoa, há muita festa de pescado. É a Semana de Turismo - como se conhece oficialmente a Semana Santa no Uruguai", explicou o encarregado, um dos 12 funcionários do local, que começaram a trabalhar bem cedo.

Orgulhoso e com ar de satisfação, Andrés mostra à clientela um enorme pescado de 13 quilos. "Há de 20 e 30", comenta aumentando a voz.

Do mesmo modo, Sandra disse que a "linda pescada", o linguado, a pescadinha e as corvinas negras "muito boas e grandes", "tudo fresco, nada congelado" são as preferências de seus clientes, assim como o salmão chileno importado, segundo sua opinião "espetacular".

Pescado, insistiu, obtido em embarcações de pesca de grande porte, de provedores com uma relação direta com o proprietário do posto.

"Sempre na Sexta-Feira Santa o pescado é o principal, por costume mais que nada", explicou por sua vez Rosana, acompanhada de sua filha e seu marido, que com um sorriso de orelha a orelha mostra a corvina de quase nove quilos que horas mais tarde assará na brasa e "bem condimentada" para toda a família, na típica grelha uruguaia.

Com uma peça de tal tamanho, que lhes custou 750 pesos (cerca de US$ 29) terão para "hoje e alguns dias mais".

No entanto, outro cliente Sebastián, conseguiu levar uma corvina de mais de 11 quilos que será degustada por oito pessoas em sua casa, após passar, como não podia ser de outra forma, pela grelha.

No Buceo nem todos os pescados são para levar para casa, já que, como destacou Laura, dentro do bar Italiano, as pessoas "gostam de descansar, e lá encontram paella pronta, empadas de bacalhau, de salmão, de mexilhões, de marisco ou à galega".

EFE   
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