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América Latina

Patriota evita especular sobre situação de Chávez e elogia Maduro

17 jan 2013 - 21h46
(atualizado às 22h18)
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O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, destacou nesta quinta-feira a necessidade de ser "muito cuidadoso e respeitoso" com a soberania da Venezuela diante da incerteza institucional que o país vive com a ausência do presidente Hugo Chávez e elogiou seu vice, Nicolás Maduro.

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Patriota disse em entrevista coletiva a correspondentes estrangeiras em São Paulo que cabe aos venezuelanos e às autoridades do país determinar mediante seus próprios procedimentos "o caminho a ser tomado" em um contexto no qual é desconhecida a data da volta do governante, que permanece em Cuba após se submeter a uma nova operação contra um câncer.

Diante da possibilidade de que a recuperação de Chávez seja prolongada, pois o mesmo viajou para Cuba há mais de um mês para ser operado pela quarta vez, Patriota evitou adotar uma posição "sobre uma hipótese que não se confirma neste momento" e acrescentou que espera seu "breve restabelecimento".

Na entrevista, o chefe da diplomacia brasileira lembrou que o Parlamento venezuelano autorizou o deslocamento a Cuba de Chávez, que foi reeleito em outubro passado como presidente para um novo mandato de seis anos. Além disso, a Corte Suprema do país aprovou o adiamento de sua cerimônia de posse, que deveria ter sido realizada no último dia 10, segundo a Constituição.

Patriota acrescentou que não ocorreu nenhum questionamento no contexto internacional sobre as decisões venezuelanas. No entanto, o Canadá enviou uma missão à Venezuela e o embaixador do Panamá nessa organização, Guillermo Cochez, a título pessoal, considerou que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, se precipitou ao convalidar as decisões da Justiça e da Assembleia Nacional venezuelanas.

A oposição venezuelana afirmou, por sua parte, que na Venezuela há uma submissão dos outros poderes ao Executivo. Patriota também destacou que durante as eleições presidenciais na Venezuela, nas quais Chávez se proclamou vencedor pela terceira vez, o país demonstrou ser uma sociedade "democraticamente madura".

Disse também que "a luta pelo poder ocorre em todos os cenários", em uma aparente referência ao desacordo com o adiamento da posse por parte da oposição venezuelana, e acrescentou que o importante é que tal luta "ocorra com observância à lei e aos preceitos que cada país estabelece".

Patriota reafirmou sua confiança em que a situação, seja qual for o desenlace, evolua com base na institucionalidade e com "o mínimo sobressalto para que a sociedade venezuelana possa se organizar politicamente no prazo mais curto".

Sobre o estado de saúde de Chávez, o ministro declarou que o Brasil conhece o que é sabido publicamente: que aconteceu um agravamento da saúde do líder no final do ano, que Chávez necessita de uma recuperação complexa e uma estabilização nas últimas duas semanas. "É a realidade da qual temos conhecimento e não queremos especular", comentou Patriota.

E diante da possibilidade da saúde de Chávez o impedir de voltar a governar e for necessária a realização de novas eleições, o chanceler se limitou a dizer que o próprio líder mencionou esse cenário antes de embarcar em direção a Cuba e indicou seu vice, Nicolás Maduro, como seu sucessor.

Patriota também falou sobre Maduro, dizendo que em seu trabalho como ministro das Relações Exteriores demonstrou possuir "qualidades diplomáticas", está "extremamente interessado" na relação com o Brasil, além de estar comprometido com a integração nacional e ser um interlocutor competente.

Negociações de paz com as Farc

Patriota também manifestou esperança que as negociações entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) produzam "resultados tangíveis" em um prazo máximo de um ano. Ele destacou o início das conversas entre o executivo liderado por Juan Manuel Santos e a guerrilha como um dos fatos importantes ocorridos no ano passado na América Latina.

O chanceler disse que o Brasil recebeu a notícia como uma "evolução extremamente significativa e positiva". "Nossa expectativa é que esse processo siga adiante e dentro de um prazo curto, que esperamos que seja no máximo de um ano, já produza resultados tangíveis", disse Patriota.

EFE   
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