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América Latina

Papa ora para padroeira de Cuba e pede que reúna seu povo disperso pelo mundo

22 set 2015 - 01h17
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O papa Francisco chegou nesta segunda-feira a Santiago, terceira e última etapa de sua viagem a Cuba, onde compareceu ao Santuário de Nossa Senhora da Caridade do Cobre para orar diante da padroeira do país e lhe pedir, como "mãe da reconciliação", que reúna seu povo "disperso pelo mundo".

Quase três horas depois de aterrissar em Santiago procedente de Holguín, o pontífice visitou a basílica menor do Santuário para uma oração diante da imagem da Nossa Senhora da Caridade, um momento de recolhimento em que não participaram fiéis e no qual esteve acompanhado por 12 bispos cubanos, o cardeal Jaime Ortega e o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.

Primeiro de pé e depois sentado, Francisco rezou diante de Nossa Senhora durante aproximadamente 15 minutos e pronunciou, em voz alta, duas orações, uma delas a de São João Paulo II, ao coroar a imagem de Nossa Senhora da Caridade.

"Faça da nação cubana um lar de irmãos e irmãs para que este povo abra de par em par sua mente, seu coração e sua vida a Cristo", leu o pontífice.

Ao finalizar a oração, um coral de crianças cantou para Francisco uma versão de "Yo vengo a ofrecer mi corazón", do cantor argentino Fito Páez.

A visita ao Santuário do Cobre - "o coração espiritual de Cuba", segundo o Vaticano - foi um evento obrigatório para os três papas que estiveram na ilha: João Paulo II (1998), Bento XVI (2012) e agora Francisco.

Nossa Senhora da Caridade, ou "Cachita", como é popularmente chamada, transcende à significação religiosa e é considerada como um símbolo da identidade nacional dos cubanos. Também conhecida como "Virgem Mambisa", a santa era venerada pelos os independentistas durante sua revolta contra a colônia espanhola.

O Santuário do Cobre é atualmente o maior centro de peregrinação de Cuba e atrai um grande número de visitantes, principalmente no dia 8 de setembro, dia de Nossa Senhora da Caridade.

A origem da devoção à Virgem remonta a 1606, quando três pescadores - dois índios, Juan e Rodrigo de Hoyos, e um escravo negro, Juan Moreno - encontraram uma imagem de madeira que flutuava nas águas da baía de Nipe, no nordeste do país.

A pequena estátua tinha a inscrição "Sou Nossa Senhora da Caridade". Depois, a imagem foi levada à mina do Cobre, onde em 1684 foi erguido o primeiro santuário.

Antes de sua oração no Santuário do Cobre, Francisco se reuniu com os bispos cubanos no seminário San Basilio Magno, onde o pontífice passará sua última noite em Cuba.

Esse encontro foi de caráter privado, "informal, sem discurso do papa, mas com uma conversa direta", explicou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, aos meios de imprensa.

"O papa não quer que outras pessoas assistam" a essas reuniões além dos bispos, detalhou Lombardi.

A Conferência Episcopal de Cuba é presidida pelo bispo de Santiago, Dionisio García.

Francisco dedicará a Santiago o quarto e último dia de sua visita a Cuba com uma missa no Santuário do Cobre, um encontro com famílias na Catedral e a bênção à cidade, que este ano completou 500 anos de sua fundação.

Conhecida em Cuba como "Cidade Herói", Santiago foi cenário de grandes momentos da história cubana, entre eles a única batalha naval na ilha, ocorrida em 1898 entre esquadras de Espanha e EUA, e o fracassado assalto ao Quartel Moncada em 1953, que foi liderado pelo jovem Fidel Castro e que é considerado o início da Revolução Cubana.

Com uma população aproximada de 500 mil habitantes e localizada a cerca de 900 quilômetros ao leste de Havana, Santiago recebe o papa decorada para a ocasião e rejuvenescida, após um processo de reconstrução de vários anos devido aos danos causados pela passagem do furacão Sandy em 2012.

Depois do meio-dia de amanhã, Francisco se despedirá de Cuba e seguirá rumo aos EUA, o segundo país de uma histórica viagem por seu papel na reconciliação desses dois países após mais de meio século de antagonismo.

EFE   
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