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América Latina

Morre na Argentina León Ferrari, o artista plástico que irritou o Papa

25 jul 2013 - 17h25
(atualizado às 17h35)
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O artista plástico argentino León Ferrari, cuja obra de crítica à Igreja irritou o papa Francisco, quando Jorge Mario Bergoglio ainda era cardeal, morreu nesta quinta-feira em Buenos Aires, aos 92 anos.

Ferrari precisou se exilar no Brasil por ser perseguido pela ditadura argentina (1976-1983), que sequestrou seu filho Ariel, um dos milhares de desaparecidos. Tão provocador e polêmico quanto reconhecido por seu talento nas artes, Ferrari foi o fundador do clube antirreligioso dos ímpios, hereges, apóstatas, blasfemos, ateus, pagãos, agnósticos e infiéis.

Uma exposição que apresentava uma retrospectiva da obra de Ferrari, em 2004, no Centro Cultural Recoleta (CCC), o mais importante da capital da Argentina, provocou uma forte reação de setores católicos e uma carta pastoral em que o atual papa se posicionou contra o teor das obras.

"Hoje me dirijo a vocês bastante magoado pela blasfêmia promovida no CCC nesta exposição de artes plásticas, evento realizado por um Centro Cultural que é financiado com dinheiro de cristãos e pessoas de boa vontade, através dos seus impostos", escreveu o então cardeal de Buenos Aires.

Uma das obras mais famosas de Ferrari é "A Civilização Ocidental e Cristã" (1965), uma escultura que mostra Cristo crucificado na parte inferior de um bombardeiro dos EUA, durante a Guerra do Vietnã.

Outra obra provocadora é uma instalação dentro de uma gaiola com fezes de pombos com uma reprodução do famoso afresco "Juízo Final", de Michelângelo, na Capela Sistina, no Vaticano.

Na inauguração da exposição, um grupo de ativistas ultra-católicos entrou no centro cultural gritando "Viva Cristo Rei!" e danificou algumas das obras, o que gerou como resposta um comício em apoio ao artista e um processo judicial. Mas a mostra foi encerrada após novas ameaças.

Dentre os inúmeros prêmios que conquistou na carreira, destaca-se o "Leão de Ouro" de melhor artista na Bienal de Arte de Veneza."Ferrari levou a fronteiras inimagináveis o relacionamento político entre a arte e a sociedade", afirmou nesta quinta-feira o secretário de Cultura argentino Jorge Coscia.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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