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América Latina

Morales se queixa de "guerra suja" às vésperas de referendo sobre reeleição

9 fev 2016 - 16h00
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O presidente da Bolívia, Evo Morales, se queixou nesta terça-feira de uma "guerra suja" da oposição, mas disse que não se renderá e que confia em ganhar o referendo que daqui a 12 dias decidirá se ele poderá voltar a se candidatar à presidência em 2019.

O presidente se referiu ao tema em uma entrevista aos meios de comunicação estatais, em que também insistiu em negar a denúncia de tráfico de influência a favor de uma empresa chinesa que tem uma ex-namorada sua como executiva.

Morales leu mensagens extraídas de redes sociais em que é chamado de "índio", "bicha", "drogado" e "ignorante", mostrou "memes" em que é comparado com macacos, lhamas e porcos e um vídeo em que uma opositora o chama de "narcotraficante".

O presidente afirmou que este tipo de mensagem "inunda" as redes sociais, que a direita concorda com o governo dos Estados Unidos, a quem acusa de tratá-lo como um traficante, e também rebateu as duras críticas que o escritor cubano Carlos Alberto Montaner fez no artigo "Uma calamidade chamada Evo", publicado no "Nuevo Herald".

As acusações não o "desmoralizam", afirmou, explicando que decidiu torná-las públicas para que o povo saiba que "suporta" mentiras e ofensas, as quais disse crer serem feitas contra todo o movimento indígena.

Morales agradeceu os apoios que recebeu "apesar de tanta guerra suja" e acusou a oposição de querer destroçá-lo porque é um "índio" que mudou Bolívia com suas políticas.

Ele enfatizou que o povo deve se perguntar o que a direita oferece ao defender o "Não" à reforma constitucional - que será votada no próximo dia 21 de fevereiro, quando os bolivianos deverão decidir se aceitam ou não que Morales volte a se candidatar à presidência nas eleições de 2019.

O presidente, que governa a Bolívia desde 2006, busca o apoio para que a população vote "sim" a essa mudança, que o permitiria tentar um quarto mandato e governar o país até 2025.

Morales voltou a sustentar que a direita usa "mentiras" sobre sua vida privada e insistiu em negar a denúncia de que a empresa chinesa CAMC Engineering teria sido beneficiada com contratos com o Estado porque tem entre seus executivos Gabriela Zapata, ex-namorada do líder, com quem ele teve um filho que morreu pouco depois em 2007.

A polêmica sobre Zapata, que hoje tem 29 anos, ocupou parte da atenção da mídia porque ela vive em uma luxuosa casa, porque a empresa chinesa assinou contratos com o Estado que somam US$ 566 milhões e porque a história do filho do casal só foi revelada - e confirmada pelo presidente - agora.

Morales afirmou semana passada à imprensa que não via Zapata desde 2007, mas uma foto dos dois em um carnaval, aparentemente em 2015, foi divulgada na internet. Ele se defendeu afirmando que essa foto era uma coincidência e resultado de sempre pedirem para tirar fotos.

"Eu me lembro: uma senhora com cara conhecida se aproximou para tirar uma foto no carnaval. É verdade. Quem é esta? É uma cara conhecida e quando tirávamos a foto, (disse) acho que é a Gabriela. E disso fazem um escândalo", descreveu Morales sobre quando a foto foi tirada.

Ele também reiterou que não sabia que Zapata trabalha para essa empresa e que seu governo anulou um desses contratos por descumprimento nos prazos de construção de uma ferrovia.

Morales concluiu a entrevista expressando sua segurança de que o "sim" ganhará o referendo, embora as pesquisas divulgadas até agora se contradizem sobre o resultado.

EFE   
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