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América Latina

Morales festeja recorde no poder, e aliados fazem campanha por nova reeleição

21 out 2015 - 19h56
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O presidente da Bolívia, Evo Morales, se transformou nesta quarta-feira no líder que permaneceu por mais tempo no poder na história do país, em meio a uma festa de apoio à reforma constitucional que permitirá que ele se candidate mais uma vez em 2019, na busca de um quarto mandato consecutivo.

Morales, que completará 56 anos na próxima semana, superou por um dia o recorde de nove anos, oito meses e 26 dias contínuos no governo que tinha o militar Andrés de Santa Cruz (1829-1839).

Ele celebrou a conquista ao lado do vice-presidente Álvaro García Linera e de seus ministros na cidade de Tiahuanaco, cerca de 72 quilômetros de La Paz. O local arqueológico, de grande importância para os aimaras, a etnia de Morales, foi palco em 2006, 2010 e 2014 das posses do presidente como líder dos indígenas bolivianos.

Nas portas do templo de Kalasasaya, Morares fez uma oferenda à "Pachamama" (Mãe Terra) para agradecer "pela vida" e "pelo tempo em que está à frente da Bolívia".

"Pessoalmente estou muito satisfeito, contente e com muito mais força para seguir avançando para garantir uma libertação definitiva para a Bolívia. E, desde aqui, apresentar nossa experiência para todo o mundo", afirmou o líder em um discurso de 45 minutos.

O presidente lembrou das conquistas econômicas, políticas e sociais ocorridas desde que chegou ao poder em 2006, incluindo o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 9 bilhões em 2005 para US$ 33 bilhões registrados no ano passado.

Morales ressaltou que sua política de nacionalização dos recursos naturais permitiu transformar a economia do país e também atribuiu o "milagre" do crescimento ao fato de "ser anti-imperialista e anticapitalista". E disse que só conseguiu superar o recorde de Andrés de Santa Cruz "graças à consciência do povo boliviano" e "à unidade das organizações sociais que apoiam o governo".

O líder agradeceu também o respaldo em seus primeiros anos de gestão aos falecidos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Argentina, Néstor Kirchner. Além disso, lembrou do apoio concedido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Morales também reconheceu o trabalho de seus ministros das Relações Exteriores, David Choquehuanca, e da Economia, Luis Arce, que o acompanham no governo desde 2006.

Ao concluir seu terceiro mandato, Morales ficará 14 anos na presidência, superando outro recorde: Víctor paz Estenssoro ficou no poder durante 12 anos e meio, mas em quatro períodos diferentes.

O partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), e os sindicatos aliados ao governo querem estender o mandato do presidente por mais um ciclo, até 2025.

Apesar da Constituição promulgada pelo próprio presidente em 2009 permitir apenas dois mandatos contínuos, ele pôde concorrer a um terceiro mandato no pleito de 2014 graças a uma decisão do Tribunal Constitucional (TC).

O TC aprovou o argumento do governo que o período de 2006-2010 em que Morales ficou no poder não deveria ser computado porque foi prévio à refundação do país como Estado plurinacional em 2009. Essa justificativa foi revivida pelos aliados do líder para pedir uma nova reforma constituição que permita duas eleições contínuas.

Nesse sentido, o parlamento, controlado pelo governo, aprovou no último mês uma lei com essa proposta, que será submetida a um referendo popular previsto para 21 de fevereiro de 2016.

As autoridades e os sindicatos parceiros do MAS não perdem oportunidade de fazer campanha pelo "sim" à reforma constitucional. E os atos de hoje para comemorar o recorde de Morales no poder não foram uma exceção.

Em um evento em Cochabamba, no centro do país, que contou com a presença de Morales, o presidente do MAS na região, Leonardo Loza, celebrou a continuidade do líder no poder e garantiu apoio de seus correligionários na campanha pelo "sim".

O governador de Cochabamba, o governista Ivan Canelas, afirmou que "as pessoas querem a reeleição de Morales porque ele é o único que garante a estabilidade econômica, política e social do país".

Em seu discurso em Tiahuanaco, Morales não fez referências diretas ao referendo, mas expressou seu desejo de "não ser um problema" na próxima eleição.

"Quando as eleições se aproximam, uma nova campanha, às vezes sinto que sou um problema, mas são as pessoas que pedem as eleições, é o povo que acompanha os processos de mudança", afirmou.

EFE   
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