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América Latina

Morales diz que legalizará folha de coca no próximo governo

A folha de coca tem usos culturais, religiosos, industriais e medicinais na Bolívia, mas é considerado um entorpecente pela ONU

20 jul 2014 - 22h15
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<p>O presidente da Bolívia, Evo Morales, buscará seu terceiro mandato consecutivo na eleição de 12 de outubro</p>
O presidente da Bolívia, Evo Morales, buscará seu terceiro mandato consecutivo na eleição de 12 de outubro
Foto: Enrique Castro-Mendivil / Reuters

O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou neste domingo que em seu próximo governo, dando certeza que ganhará a eleição de outubro, consolidará a legalização de parcelas de folhas de coca de Chapare, no centro do país, que estão fora da lei.

Em discurso na região, o líder se referiu aos cultivos conhecidos como "catos", que são áreas de 1.600 metros quadrados, dos produtores das federações de Chapare, que hoje o ratificaram como seu líder por mais dois anos.

"Esta gestão, depois das eleições, deve ser para consolidar mediante a lei o 'cato' de coca. Essa deve ser nossa responsabilidade porque neste momento, irmãos e irmãs, só com a força sindical estamos fazendo respeitar o 'cato' de coca", disse o líder em discurso para suas bases cocaleras.

Morales reconheceu que de acordo com a lei do Regime da Coca e Substâncias Controladas, datado de 1988, "não deveria haver 'catos' de coca no Chapare", o que tornou necessário fazer reformas legais para que esses cultivos se consolidem.

O líder, que buscará seu terceiro mandato consecutivo na eleição de 12 de outubro, também explicou que deve haver um controle social e um estatal sobre esses cultivos para que as extensões chamadas "cato" não sejam desvirtuadas.

A lei só reconhece como legais 12 mil hectares de coca da região dos Yungas de La Paz (no oeste), mas na Bolívia existem 23 mil hectares, parte deles no Chapare, segundo dados de 2013 divulgados em junho pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (Unodc).

O governo demonstrou várias vezes seu desejo de elevar de 12 mil para 20 mil os hectares de coca permitidos legalmente, embora um estudo financiado pela União Europeia e pelo próprio executivo tenha estabelecido ano passado que a Bolívia não precisa mais de 14.705 hectares para cobrir a demanda de coca para usos legais.

A folha de coca tem usos culturais, religiosos, industriais e medicinais na Bolívia, mas é principalmente mascada, prática denominada "acullicu".

O "acullicu" foi reconhecido pelas Nações Unidas como uma tradição cultural boliviana, embora o organismo internacional continue a considerar a planta um entorpecente por conter os alcaloides que dão origem à cocaína.

Na reunião dos cocaleiros de hoje, Morales foi eleito para voltar a presidir as seis federações de cocaleiros de Chapare por dois anos, como vem fazendo há 18, embora ele garanta se tratar de uma designação simbólica.

EFE   
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