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América Latina

Mineiros chilenos resgatados em 2010 estão desempregados

Trabalhadores reclamam que foram esquecidos após o resgate que chamou a atenção do mundo

5 ago 2013 - 20h10
(atualizado às 20h36)
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Mesmo três anos após o desabamento da mina de San José, no Chile, os 33 trabalhadores que ficaram soterrados e depois foram resgatados com vida continuam com problemas psicológicos e financeiros, enquanto a investigação judicial do acidente terminou sem culpados, e os credores estudam a venda da mina.

"Meus colegas estão mal, mal de saúde, mal psicologicamente", disse o minerador Raúl Bustos, 43 anos. Ele vive atualmente em Concepción, no sul do país, e não participou dos atos comemorativos realizados nesta segunda-feira em Copiapó, a 804 quilômetros ao norte de Santiago.

Foi nessa cidade que, na noite de domingo, metade do grupo se reuniu para analisar os assuntos que os preocupam, incuindo o filme que contará sua história e que começará a ser rodado nos próximos meses. Hoje eles tiveram um encontro com as autoridade regionais e, depois, 11 deles participaram de uma missa.

Já se foram os dias em que a mídia internacional estava atenta e interessada nos detalhes do resgate, que começou no dia 22 de julho de 2010, quando se tomou conhecimento de que os mineradores estavam vivos. A espetacular e inédita operação de salvamento terminou no dia 13 de agosto.

Depois de resgatados, os mineradores se depararam com menos ajuda e com mais dificuldades financeiras do que a fama parecia lhes assegurar. "O que queremos é poder voltar à vida que tínhamos, e isso depende do trabalho. Se não temos trabalho, não podemos ter uma vida normal. Alguns não podem pela parte psicológica, mas outros sim, e não tivemos oportunidades", disse Bustos.

Na semana passada, a promotoria da região de Atacama deu como terminada sem acusados a investigação pelo desabamento da mina.

O promotor considerou que "não havia provas para formular uma acusação" contra os donos da mina, Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny, nem contra os responsáveis do Serviço Nacional de Geologia e Mineração (Sernageomin), encarregado de fiscalizar a atividade mineradora.

"Estamos todos muito sentidos" disse Bustos, que acredita que "havia provas suficientes" para processá-los e julgá-los. Apesar disso, os mineradores continuam processando a empresa para obterem uma indenização.

O ministro da Mineração, Hernán de Solminihac, disse hoje aos jornalistas que respeita as decisões dos diferentes poderes do Estado e que "o governo não pode pedir para que a causa seja reaberta", já que os querelantes podem pedi-lo.

A junta de credores da Mineradora de São Esteban, dona da mina, que se declarou falida depois do desabamento, e concordou em colocar a jazida à venda. Esta poderá voltar a funcionar quando forem construídas novas galerias.

"Se alguém quiser fazer uso dessa mina, terá que pedir permissão, e aí o caso será estudado com toda a atenção necessária para saber se a exploração pode ser autorizada", advertiu o ministro.

O dinheiro arrecadado pela venda dos ativos da mina deverá ser destinado ao pagamento das indenizações dos trabalhadores e dos credores, e também à devolução de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 11,5 milhões) que a empresa deve ao Estado chileno pelo resgate - que no total custou US$ 22 milhões (R$ 50,6 milhões).

De Solminihac aproveitou para dizer que a taxa de acidentes mortais em minas caiu 55% de 2010 para 2012. O ministro também explicou que reforçou as tarefas de supervisão, ao passar de 18 pessoas encarregadas por essa função em todo o país, em 2010, para 60, dois anos depois.

EFE   
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