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América Latina

Mesmo ausente, Cuba protagonizará Cúpula das Américas

6 abr 2012 - 22h21
(atualizado às 23h10)
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Cuba, apesar de ser a única nação das Américas que não foi convidada para a Cúpula de Cartagena, será uma das protagonistas do encontro por iniciativa dos países latino-americanos que desejam que esta seja a última reunião continental sem a participação da ilha. O governo colombiano, anfitrião da sexta Cúpula das Américas, não convidou Cuba porque não houve "consenso" entre os outros países participantes, principalmente diante da oposição dos Estados Unidos, mas assegurou que o assunto será tratado em Cartagena.

"Este é um tema que vamos discutir na cúpula, para que esta situação incômoda que viveu a Colômbia e que ocorreu há três anos em Trinidad e Tobago, não volte a se repetir no futuro", disse o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, no início de março. Cuba jamais participou de uma Cúpula das Américas, fórum que é realizado a cada três ou quatro anos por iniciativa dos EUA para que os países da Organização dos Estados Americanos (OEA) discutam políticas e soluções comuns para problemas regionais.

Os Estados Unidos alegam que o governo do país caribenho não cumpre os requisitos democráticos fixados na terceira Cúpula das Américas, realizada em Québec, no Canadá, em 2001. Embora vários países, especialmente os parceiros de Cuba na Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba), tenham criticado o fato de Cuba não ter sido convidada, o governo colombiano evitou um boicote ao encontro.

Com exceção do presidente do Equador, Rafael Correa, que incentivou um boicote dos países da Alba e nesta segunda-feira disse que não irá para Cartagena em protesto pela ausência da ilha caribenha, todos os líderes convocados confirmaram sua intenção de participar do fórum.

Correa alega que por uma questão de "princípios" não pode comparecer a uma reunião "sem um país americano" em função do "veto dos Estados Unidos".

"Muitas vezes a melhor participação é não participar", disse o líder equatoriano em recente entrevista à Agência Efe.

Já a Bolívia, por meio do Ministro das Relações Exteriores do país, David Choquehuanca, afirmou que a melhor forma de pressionar os EUA é participando da cúpula.

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, disse que "em termos gerais a opinião é muito clara: levar para o encontro uma posição de não é possível realizar mais cúpulas sem a presença de Cuba".

Os dois também mencionaram outra questão que pode aquecer os debates em Cartagena: o embargo americano a Cuba. Vamos "exigir o levantamento do bloqueio, o respeito às resoluções da ONU que pedem o fim do embargo criminoso contra o povo cubano", afirmou Maduro.

Mas não só os países da Alba estão dispostos a brigar em Cartagena para que Cuba seja incorporado às cúpulas. Os chanceleres da Argentina, Héctor Timerman, e do Brasil, Antonio Patriota, defenderam após encontro bilateral realizado no mês passado em São Paulo que este seja o último fórum sem a participação do país.

O ministro das Relações Exteriores do Peru, Rafael Roncagliolo, advertiu também de que os Estados Unidos já não podem mais interferir nas relações dos latino-americanos em função de sua política interna, e anunciou que o presidente Ollanta Humala pedirá em Cartagena o fim da exclusão de Cuba.

A subsecretária interina de Estado dos EUA para a América Latina, Roberta Jacobson, respondeu a todos esses pedidos: "esperamos ver algum dia uma Cuba democrática participando da cúpula".

Enquanto isso, a ilha caribenha não se pronunciou sobre o assunto e se mostrou compreensivo com a decisão do governo colombiano de não convidar o presidente Raúl Castro.

O presidente da Colômbia, que viajou para Havana no começo de março para comunicar pessoalmente a Castro que não iria convocá-lo, opinou que as autoridades cubanas "têm direito de expressarem que não querem se sentir excluídos e que se sentem desta maneira".

Juan Manuel Santos se referia a declarações feitas pelo chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que disse que a "exclusão" de Cuba por parte dos Estados Unidos "é inaceitável e injustificada" e faz parte do bloqueio "genocida e ilegal" que o país impõe contra a ilha há mais de 50 anos.

EFE   
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