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América Latina

Mesmo ausente, Chávez domina eleições estaduais na Venezuela

16 dez 2012 - 15h19
(atualizado às 15h51)
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Os venezuelanos votam no domingo nas eleições estaduais que vão definir o futuro do líder da oposição Henrique Capriles e testar as forças políticas diante da possibilidade de uma nova eleição, caso Hugo Chávez esteja incapacitado pelo câncer. A eleição para 23 governos estaduais, sete dos quais são atualmente controlados pela oposição, está sendo ofuscada pela luta do presidente para se recuperar de uma cirurgia contra o câncer, em Cuba.

Venezuelanos vão às urnas neste domingo nas eleições estaduais que decidirão futuro do líder da oposição Henrique Capriles
Venezuelanos vão às urnas neste domingo nas eleições estaduais que decidirão futuro do líder da oposição Henrique Capriles
Foto: Jorge Silva / Reuters

Capriles, de 40 anos, precisa manter o governo de Miranda, para permanecer como candidato presidencial da oposição, enquanto os dois lados querem um bom resultado para ganhar impulso no caso de um novo confronto para decidir quem vai substituir Chávez.

"Esta é a melhor indicação de como a oposição vai se sair durante uma futura disputa pela presidência entre Henrique Capriles e o vice-presidente Nicolas Maduro, herdeiro político escolhido por Chávez", disse Russell Dallen, do BBO Financial Services, baseada em Caracas.

O comparecimento às urnas foi pequeno no começo da votação em todo o país, em contraste com as longas filas da votação presidencial de dois meses atrás, que deu a Chávez o seu terceiro mandato.

"Que surpresa. Na eleição presidencial, cheguei às 3h da manhã e já havia muita gente na fila. Hoje, cheguei às 5h e fui a primeira pessoa da fila", disse Nathaly Betancourt, que estava votou na cidade ocidental de Punto Fijo.

Simpatizantes da oposição reclamaram via Twitter que os centros em regiões abastadas anti-Chavéz, que são cruciais para Capriles, estavam particularmente vazios. O país sul-americano, membro da OPEP, parece mais focado na recuperação de Chávez, que se submeteu a uma cirurgia em Havana, na terça-feira. O procedimento foi a quarta cirurgia no líder socialista desde que ele foi diagnosticado com um câncer na região pélvica, em meados de 2011.

Autoridades do governo disseram no sábado à noite que Chávez havia recuperado completamente a consciência e estava dando instruções. Seu genro, que é o ministro da Ciência e Tecnologia, reconheceu que houve "momentos de tensão" durante e depois da operação, mas disse que Chávez estava melhorando gradualmente.

Poucos detalhes médicos foram divulgados, portanto, continua a especulação de que Chávez possa estar passando por uma situação com risco de morte, no hospital Cimeq em Havana, devido a dificuldades de recuperação pós-operatória, além de uma possível disseminação do câncer.

Chávez, de 58 anos, deve começar um novo mandato na presidência em 10 de janeiro, mas nomeou Maduro como seu sucessor preferido, caso ele fique incapacitado de assumir. Isso provocaria uma nova eleição presidencial no prazo de 30 dias.

Fundo emocional

A doença de Chávez gerou uma onda de emoção, incluindo missas católicas, reuniões de orações e vigílias por todo o país. Maduro já chorou em público, a mídia estatal está repetindo imagens de Chávez o tempo todo, e diversos candidatos a governador fizeram comícios de encerramento simplesmente reproduzindo a voz do presidente.

O fator de solidariedade, de pena, poderia beneficiar os candidatos de Chávez e compensar a desvantagem de perder a sua presença carismática durante a campanha eleitoral, com antecedência.

"Sem querer ser otimista demais, temos grandes chances de eleger os 23 governadores e este é o maior apoio que podemos dar a Chávez", disse seu irmão, Adan Chávez, que está tentando a reeleição em Barinas, seu Estado natal.

Ainda sofrendo com a derrota de outubro, a oposição espera que os eleitores se concentrem em questões de base e que castiguem o governo pelas quedas de energia, estradas esburacadas, escândalos de corrupção, crimes violentos e inflação galopante.

"Coloco a minha vida a serviço de Miranda e da Venezuela", disse Capriles durante seu comício de encerramento. "Não estou aqui para ficar no poder, mas para tornar um sonho (de mudança nacional) realidade."

Embora seja esperado que ele retenha seu lugar em Miranda, Capriles enfrenta um desafio bem financiado pelo principal aliado de Chávez, Elias Jaua, um ex-vice-presidente. Caso ele derrote Capriles, deixará a oposição em desordem e possivelmente provocará uma disputa interna sobre quem deve ser o próximo candidato da oposição.

Dois outros governadores da oposição, Pablo Perez e Henri Falcon, são possibilidades óbvias. Mas primeiro eles também precisam ficar com seus postos para manter a sua credibilidade, e eles não têm o reconhecimento nacional que Capriles conseguiu durante sua campanha, em outubro.

Apesar de ter perdido, Capriles conquistou a maior parte dos votos da oposição - 6,5 milhões de votos, ou 45 por cento - contra Chávez, e impressionou os venezuelanos com seu estilo enérgico, visitas aos mais remotos cantos do país e uma atenção às questões do dia-a-dia.

"Na improvável possibilidade de Capriles perder, ele provavelmente não terá nenhuma chance de concorrer à presidência novamente", declarou a empresa de consultoria de risco político Eurasia Group.

O momento da eleição, em meados de dezembro, pode pesar contra a oposição, cuja maioria dos simpatizantes pertence à classe média e aproveitam as férias escolares para viajar.

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