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Mercosul não quer que Paraguai sofra, diz chanceler argentino

28 jun 2012 - 21h06
(atualizado em 29/6/2012 às 07h03)
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Felipe Schroeder Franke
Direto de Mendoza

O chanceler da Argentina, Héctor Timerman, afirmou na noite desta quinta-feira que não há membro algum do Mercosul que deseje que o povo paraguaio venha a sofrer com eventuais consequências do processo de impeachment de Fernando Lugo, deposto há uma semana em um processo-relâmpago em Assunção.

Héctor Timerman demonstrou solidariedade ao povo paraguaio durante a Cúpula do Mercosul
Héctor Timerman demonstrou solidariedade ao povo paraguaio durante a Cúpula do Mercosul
Foto: EFE

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"Não há país-membro do Mercosul e países-associados que deseje que o povo paraguaio sofra com consequências do que ocorreu no Paraguai nas última sexta-feira", disse Timerman a jornalistas após um dia de reuniões de chanceleres pela abertura da Cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina. Os encontros do dia precedem a reunião dos chefes de Estado, marcada para esta sexta, que irá decidir pelo futuro do Paraguai, suspenso da atual cúpula.

Com a afirmação, Timerman reforça a expectativa de que não se aprovem sanções econômicas contras Paraguai, conforme já dito instantes antes pelo seu colega brasileiro, Antonio Patriota, que acenou com a manutenção da suspensão do Paraguai do Mercosul. Na prática, isso significa que o país permanece no bloco, mas não participa das tomadas de decisão.

"Por decisão unânime dos membros permanentes e associados do Mercosul, se decidiu, pelos acontecimentos da última sexta-feira, por suspender a participação do Paraguai nesta cúpula", recapitulou Timerman, ressaltando a diferença entre a suspensão e a expulsão, que, segundo disse, está descartada. "O Paraguai é um Estado-membro do Mercosul. Está suspenso até o final dessa reunião. Mas não se contempla a expulsão de um Estado-membro", garantiu.

Questionado sobre os avanços nas negociações para a entrada da Venezuela do bloco, o chanceler argentino foi evasivo e tratou de garantir que a suspensão do Paraguai não altera a situação. "A situação do Paraguai não altera a situação da Venezuela", disse. O Congresso paraguaio vinha sendo a principal entrave à aceitação da Venezuela no bloco.

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência
No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Curaguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

Fonte: Terra
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