PUBLICIDADE

América Latina

Mendoza, a jovem congressista de esquerda que surpreendeu a política peruana

8 abr 2016 - 18h34
Compartilhar
Exibir comentários

Com apenas 35 anos e um mandato como congressista, a psicóloga e antropóloga Verónika Mendoza Frisch surpreendeu a tradicional política peruana, até o ponto de ter chances reais de disputar contra Keiko Fujimori a presidência do Peru em um possível segundo turno.

Mendoza conseguiu passar de 1% de intenções de voto em janeiro a uma média de 16% nas últimas pesquisas divulgadas no domingo passado, apesar de protagonizar uma campanha que ela mesma define como "austera".

"Nasci no hospital Antonio Lorena no distrito de Santiago, em Cuzco" em 9 de dezembro de 1980, afirma Mendoza em um perfil que colocou em seu blog pessoal na internet em 2011, quando se candidatou ao Congresso pelo Partido Nacionalista de Ollanta Humala, que derrotaria Keiko Fujimori na corrida presidencial.

A candidata do esquerdista Frente Ampla, que em 2012 rompeu com o partido governante por divergências políticas, é filha do peruano Marcelino Mendoza e da francesa Gabrielle Marie Frisch D'Adhemar, razão pela qual possui ambas nacionalidades.

Mendoza, que também fala quíchua, passou sua infância na cidade de Andahuaylillas, estudou no colégio Virgen del Carmen e em 1997 iniciou o curso de Arquitetura na Universidad Nacional San Antonio Abade del Cuzco (Unsaac), que depois deixou para estudar Psicologia na Universidade de Paris VII Denis Diderot, em Paris.

Após obter o título de formada em Psicologia em 2003, fez um mestrado em Ciências Sociais na Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle), que culminou em 2006, e um mestrado em Educação de espanhol como segunda língua na Universidade Nacional de Educação à Distância de Madri.

Mendoza afirmou que sua tendência política foi forjada na França, mas também na história de seu pai, que foi militante da Esquerda Unida e do Sindicato Unitário de Trabalhadores na Educação do Peru (Sutep), e de sua mãe, que militou no Partido Socialista Unificado da França.

Mendoza foi eleita parlamentar em 2011, mas em junho de 2012 rompeu com o partido governista por considerar que Humala havia "traído" seu eleitores ao mudar seu plano de governo.

Em outubro de 2015 participou de eleições abertas a todos os cidadãos pela Frente Ampla, nas quais foi escolhida candidata presidencial ao superar o ex-sacerdote Marco Arana, que agora é seu candidato à primeira vice-presidência.

Apesar de sua ruptura com o governo, veículos de comunicação locais e políticos opositores a vinculam com a primeira-dama e presidente do Partido Nacionalista, Nadine Heredia, já que indicam que foi sua assistente durante a campanha do 2011.

A candidata propõe um programa de governo no qual oferece uma "revolução produtiva", o aumento do salário mínimo de 750 sóis a 1000 sóis (R$ 787 a R$ 1.048), a luta contra a corrupção e o crime organizado, a participação cidadã na aprovação das atividades extrativas e uma nova Constituição para substituir a de 1993.

Além disso, suas propostas culturais receberam o respaldo do grêmio cinematográfico e dezenas de escritores e intelectuais também assinaram um manifesto em apoio a sua candidatura.

Mendoza chega às eleições de 10 de abril com chances de conseguir um segundo lugar que lhe permitiria enfrentar em um segundo turno a favorita nas pesquisas, Keiko Fujimori, com o que ambas protagonizariam um histórico enfrentamento eleitoral entre mulheres.

Se ganhar, Mendoza seria a governante mais jovem do Peru, já que assumiria em 28 de julho ainda com 35 anos, com o que desbancaria Alan García, que tinha essa idade quando venceu em 1985, mas completou 36 anos antes de tomar posse.

EFE   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade