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América Latina

Maduro apresenta plano para reduzir violência na Venezuela

Entre os diversos pontos, o plano prevê desarmamento da população, maior vigilância policial e normas claras para a TV; oposição quer desarmamento dos "grupos ilegais armados" do chavismo

15 fev 2014 - 14h09
(atualizado às 14h11)
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Presidente venezuelano diz que há um plano para derrubar o seu governo
Presidente venezuelano diz que há um plano para derrubar o seu governo
Foto: EFE

O presidente Nicolás Maduro anunciou um plano de pacificação contra a violência na Venezuela, que registra uma das maiores taxas de homicídios no mundo.

O plano apresentado inclui o desarmamento da população, maior vigilância policial e "normas claras para a televisão". "São dez linhas de ação que devem confluir na construção da paz e de uma autoridade pública com capacidade de proteger de verdade (...) Convoco todas as forças políticas, todos os governadores e prefeitos, todos os cidadãos", afirmou Maduro em um discurso feito na noite de sexta-feira na localidade de Calvário, oeste de Caracas.

Dessa forma, o plano incluiria "o início de uma nova cultura comunicacional para a paz" que, segundo o presidente, estabelecerá "normas claras para todas as televisões venezuelanas, a cabo e aberta", acrescentou, sem dar maiores detalhes.

Maduro também inclui no plano, uma melhora do sistema de vigilância policial mobilizado no país com uma maior intensidade desde janeiro, depois do assassinato de uma ex-miss venezuelana.

Além disso, prosseguirá com o desarmamento da população e "a desmobilização de bandos violentos e criminosos", segundo Maduro, contemplado na lei de desarmamento promulgada em 2013 e que estabelece penas de até 20 anos de prisão para quem portar ilegalmente armas de fogo.

A esse respeito, a opositora Mesa da Unidade Democrática exigiu do governo o desarmamento dos "grupos ilegais armados" do chavismo, a propósito das denúncias feitas sobre sua presença com armas de fogo nas manifestações estudantis de quarta-feira.

Por outra parte, o presidente assegurou que as prisões venezuelanas, cenários de choques constantes entre bandos armados de presos que lutam pelo controle interno, serão incorporadas ao plano com a "conversão de todos os estabelecimentos carcerários em oficinas de trabalho, produção e educação obrigatórios".

Cifras oficiais falam que a taxa de homicídios na Venezuela registra 39 mortos para 100 mil habitantes. Mas a ONG Observatório Venezuelano da Violência calcula em 79 para 100 mil habitantes, a segunda mais alta do mundo, e calculou mais de 24.000 mortes em 2013.

14 de fevereiro - Há 11 dias, grupos de estudantes e opositores ao governo iniciaram em diferentes cidades passeatas contra a insegurança, a inflação e a escassez de produtos
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Foto: AFP

Mais de mil estudantes voltaram às ruas de Caracas na sexta-feira para protestar contra o governo, de maneira pacífica, enquanto setores governistas preparam uma marcha "contra o fascismo" para este sábado.

Com bandeiras e cartazes contra a violência e contra o governo Maduro, centenas de estudantes se reuniram na Praça Altamira, no leste de Caracas, local habitual de protestos antichavistas. A multidão bloqueou várias ruas em homenagem aos companheiros mortos nos confrontos de quarta-feira e para pedir a libertação dos detidos.

"Apagão informativo"

Na quarta-feira passada, durante as manifestações estudantis em Caracas e os distúrbios posteriores onde três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, o canal de notícias colombiano NTN24 saiu do ar. Na quinta-feira, Maduro alegou a interrupção da transmissão tratou-se de "uma decisão de Estado", depois de explicar que pretendia "gerar agitação de um golpe de Estado como o de 11 de abril (de 2002, contra o então presidente Hugo Chávez)".

Os venezuelanos que se opõem ao governo de Nicolás Maduro afirmam que o país vem sofrendo um 'apagão' informativo. Eles criticam a falta de cobertura de notícias que possam prejudicar a imagem do presidente, resultado do que consideram um 'alinhamento' da imprensa com o governo.

14 de fevereiro - Parentes, amigos e manifestantes velam o corpo do estudante Juan Montoya, um dos três mortos durante protestos na Venezuela
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Foto: AFP

Além disso, os opositores acusam o governo de estar por trás de uma 'censura' nas redes sociais, meio encontrado por milhares de venezuelanos para reclamar dos meios de comunicação e divulgar o que, segundo eles, não é veiculado por rádios e TVs. 

A empresa americana confirmou que teve problemas na Venezuela e creditou a pane à Compañía Anónima Nacional Teléfonos de Venezuela (CANTV), a estatal que também oferece serviços de Internet. "Confirmamos que imagens vêm sendo bloqueadas no Twitter na Venezuela. Acreditamos que o governo esteja por trás disso", afirmou Un Wexler, porta-voz da companhia, em email enviado à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Há 11 dias, grupos de estudantes e opositores ao governo iniciaram em diferentes cidades passeatas contra a insegurança, a inflação e a escassez de produtos.

Na quarta, Caracas foi palco do maior protesto já realizado contra o presidente Maduro, que assumiu há dez meses, após a morte de Hugo Chávez. Os incidentes deixaram três mortos, dezenas de feridos, e mais de 100 pessoas foram detidas.

O presidente Maduro classificou a violência como um "golpe de Estado em desenvolvimento", referindo-se aos grupos de ultradireita ligados a alguns partidos da oposição. Esta, por sua vez, responsabilizou o governo pelos confrontos.

Com informações da BBCBrasil 

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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