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América Latina

Londres reforçará o dispositivo militar nas Malvinas

24 mar 2015 - 17h12
(atualizado às 17h12)
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O ministro da Defesa britânico, Michael Fallon, anunciou nesta terça-feira que reforçará o dispositivo militar nas Malvinas (Falklands, para os ingleses) porque continua existindo uma ameaça muito séria a este arquipélago reclamado pela Argentina.

Segundo Fallon, o Reino Unido investirá 180 milhões de libras (267 milhões de dólares) nos próximos dez anos para reforçar a defesa das ilhas.

Este investimento será feito, entre outras coisas, na renovação dos sistemas de defesa antiaérea terrestre, em dois helicópteros para o transporte de tropas Chinook e melhorias nas infraestruturas.

"Isto não seria necessário se não sofrêssemos com constantes intimidações do governo argentino", declarou o ministro em discurso no Parlamento após detalhar seu plano.

"A principal ameaça às ilhas continua a ser os injustificados pedidos de soberania da Argentina", acrescentou.

O número de militares, cerca de 1.200, não aumentará "porque é o número correto", assegurou, apesar de horas antes ter indicado em uma entrevista à rádio BBC Radio que este tema tinha sido revisado.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou, segundo seu porta-voz, que "a garantia que dou às Falklands é que sempre estaremos com eles, sempre os defenderemos".

"Este governo tem cumprido sua palavra e fortalecido nossas defesas", acrescentou, em resposta ao anúncio de seu ministro.

Em 1982, a ditadura argentina invadiu as Malvinas/Falklands e isso desatou uma guerra que terminou com a rendição argentina, depois de 74 dias de combates, e 649 argentinos e 255 britânicos mortos.

O anúncio de Fallon acontece depois que a imprensa britânica disse que a Rússia ofereceu aviões de bombardeio à Argentina.

"Esse acordo em particular não foi confirmado", afirmou o ministro.

O governo argentino reagiu assegurando que os militares britânicos buscam melhorar o orçamento com o reforço do dispositivo militar visando às Malvinas.

"É uma desculpa que se usa como 'lobby' militar para seguir gastando dinheiro", afirmou a embaixadora argentina em Londres, Alicia Castro.

Fallon criticou o fato de a Argentina manter suas reivindicações sobre as ilhas "trinta anos ou mais após a invasão e a guerra".

"Infelizmente a Argentina ainda mantém essa reivindicação sem fundamento. É uma ameaça muito séria, temos de responder a ela e responderei nesta tarde", disse ele à BBC.

"Cabe a Argentina abandonar essas reivindicações que não têm base no direito internacional e pelas quais muitas vidas foram perdidas há 30 anos", ressaltou.

O governo argentino de Cristina Kirchner manteve viva as exigências sobre as ilhas em fóruns internacionais e cúpulas da América Latina, cujas declarações finais muitas vezes incluem um pedido a Londres para negociar com Buenos Aires.

A Argentina anunciou em março que colocaria em circulação uma nova nota de 50 pesos (cerca de US$ 6) com o mapa das ilhas e a legenda "Ilhas Malvinas. Um amor soberano".

O presidente do Banco Central, Alejandro Vanoli, explicou que "o objetivo desta nota é incorporar em um elemento de uso diário e soberano como a moeda a inabalável reivindicação do povo argentino sobre as Ilhas Malvinas".

A nova nota tem imagens do cemitério de Darwin, onde se encontram os soldados argentinos mortos na guerra das Malvinas, e do cruzador "General Belgrano", que foi afundado por um submarino nuclear britânico durante a guerra de 1982, matando 323 pessoas.

Hugo Swire, secretário de Estado do ministério britânico das Relações Exteriores, ridicularizou a nota no Parlamento.

"Tem o enorme valor de £ 3,72 de acordo com a taxa de câmbio atual", declarou Swire em 3 de março. "E acredito que tem o mesmo valor político".

Swire, em seguida, insistiu que não haveria diálogo sobre a soberania.

"Há pessoas nas ilhas que podem traçar suas raízes nas Malvinas a nove gerações, muito mais tempo do que o de existência das fronteiras atuais da Argentina", garantiu.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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