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América Latina

Keiko Fujimori é favorita em eleição marcada por exclusão de candidatos

8 abr 2016 - 18h28
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O Peru vive uma inédita e turbulenta campanha eleitoral protagonizada por denúncias e processos de exclusão do pleito que afetaram os principais candidatos, incluindo Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori e favorita para ganhar as eleições do próximo domingo.

A aplicação da nova lei eleitoral peruana levantou polêmica no país ao tirar da disputa dois candidatos presidenciais e por permitir que continuem em disputa Keiko, de 40 anos, e seu mais próximo concorrente nas pesquisas, Pedro Pablo Kucyznski, de 77 anos.

Em uma questionada decisão, o Tribunal Nacional de Eleições declarou última sexta-feira infundada a apelação apresentada contra a decisão que rejeitou a exclusão da candidatura de Keiko por suposto repasse ilegal de dinheiro durante a campanha.

Às vésperas do pleito deste domingo, o órgão eleitoral também rejeitou no sábado passado um pedido de exclusão da candidatura de Kucyznski, ex-ministro de Economia do governo de Alejandro Toledo (2001-2006).

Assim, os peruanos não tiveram claro até poucos dias antes do pleito quem vai disputar a presidência, um fato sem precedentes no país, da mesma forma que o fato de um mês antes das votações terem ficado fora do pleito o economista Julio Guzmán e o empresário César Acuña.

O tribunal eleitoral deixou fora da corrida Guzmán, que tinha se transformado no candidato surpresa das eleições após sua rápida ascensão nas pesquisas, por violar normas de democracia interna de seu partido. Já Acuña foi excluído por dar dinheiro a eleitores durante a campanha.

Os diferentes critérios das autoridades eleitorais em cada caso levaram alguns políticos a falar inclusive em fraude e a pôr em questão a legitimidade do processo eleitoral.

A exclusão de candidatos a poucas semanas das eleições também foi vista com preocupação pelas missões de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia (UE).

No Twitter, o secretário da OEA, Luis Almagro, cobrou na última sexta-feira "medidas para restabelecer direitos de participação política para todos e evitar eleições semidemocráticas".

O governista Partido Nacionalista Peruano também atiçou a polêmica sobre a legitimidade do pleito ao afirmar que decidiu se retirar porque existe uma "falta de coerência" nas decisões das autoridades eleitorais.

Em uma nota assinada pela presidente do partido, Nadine Heredia, assim como pelo presidente Ollanta Humala e um grupo de congressistas, foi argumentado que a decisão de retirar tanto o candidato presidencial Daniel Urresti - que aparecia nas últimas posições nas pesquisas - como sua chapa ao Congresso foi adotada "perante a manifesta e marcada ausência do princípio da certeza eleitoral".

Os rumores de adiamento do pleito levaram inclusive tanto o primeiro-ministro do Peru, Pedro Cateriano, como o presidente do Tribunal Nacional de Eleições, Francisco Távara, a terem que confirmar que as eleições serão realizadas segundo o cronograma previsto.

Mas a incerteza sobre as candidaturas foi a tônica desta campanha, na qual predominaram as denúncias e inclusive insultos entre os candidatos acima das propostas sobre as principais preocupações dos peruanos, que são a insegurança, a corrupção e a economia.

Durante toda a campanha, Keiko Fujimori se manteve em primeiro lugar nas pesquisas, que foram divulgadas até o último domingo, com cerca de um terço das intenções de voto.

O cenário eleitoral se alterou depois da saída de Guzmán, e agora a disputa está focada em quem poderá acompanhar Keiko Fujimori em um eventual segundo turno em junho.

Segundo as últimas pesquisas, Kuczynsky e sua rival da Frente Ampla, a congressista Verónika Mendoza, têm empate técnico pelo segundo lugar, e um pouco mais atrás aparece o jornalista Alfredo Barnechea.

Mas ainda há uma porcentagem alta de indecisos que ainda não definiu seu voto, por isso a reta final da campanha será decisiva para atrair votos em um eleitorado que cobra rostos novos e uma renovação da política.

Quem desponta como um dos grandes perdedores é o ex-presidente Alan García, que buscava ocupar a presidência pela terceira vez e que, da mesma forma que o ex-presidente Alejandro Toledo, não tem chances, segundo as pesquisas.

EFE   
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