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Oriente Médio

Judeus argentinos criticam acordo com Irã 19 anos após atentado

18 jul 2013 - 13h16
(atualizado às 13h21)
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A comunidade judaica argentina renovou nesta quinta-feira seu apelo por justiça e as críticas ao acordo do país latino-americano com o Irã, 19 anos após o atentado contra a mutual AMIA em Buenos Aires em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos.

"Que interesse o governo do Irã pode ter em encontrar os responsáveis pelo massacre da AMIA quando nega o assassinato de seis milhões de judeus pelas mãos da barbárie nazista?", se perguntou o presidente da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), Leonardo Jmelnitzky.

Em um ato em frente à sede da reconstruída AMIA, no bairro portenho de Once, Jmelnitzky se referiu ao memorando de entendimento assinado neste ano pelos governos de Argentina e Irã para formar uma comissão que investigue o atentado contra a mutual judaica ocorrido no dia 18 de julho de 1994.

A Argentina acusa o Irã de ter sido o autor intelectual do ataque terrorista, mas Teerã nega. "A AMIA expressou que este acordo é contraproducente aos fins do esclarecimento da causa e sofre de vícios de inconstitucionalidade", insistiu.

O entendimento foi rejeitado pelos familiares das vítimas e pela liderança desta comunidade judaica, a maior da América Latina, com 300 mil membros. "Há muito tempo estamos esperando justiça e isso aumenta nossa dor", acrescentou Jmelnitzky no ato, no qual foi ouvida uma sirene na mesma hora em que ocorreu o atentado, há 19 anos.

No dia 27 de janeiro deste ano, Buenos Aires e Teerã assinaram o memorando - que foi aprovado pelo Congresso argentino um mês mais tarde e pelo Executivo iraniano no dia 21 de maio - para criar uma Comissão da Verdade integrada por cinco membros de outras nacionalidades.

O acordo estabelece a possibilidade de que estes cinco integrantes e o juiz argentino a cargo do caso, Rodolfo Canicoba Corral, possam interrogar em Teerã oito acusados, entre eles o atual ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, o ex-chefe da Guarda Revolucionária Mohsen Rezai, o ex-presidente Ali Rafsanjani (1989-1997) e o ex-conselheiro cultural iraniano na Argentina Moshen Rabbani.

O influente senador governista Anibal Fernández, presente no ato, defendeu o acordo. "Se o Irã não cumprir com isto teremos ficado no mesmo lugar: não perdemos nada", disse Fernández à imprensa sobre o caso, que está estancado desde 2006. Em 1992, outro atentado contra a embaixada de Israel na capital argentina havia deixado 29 mortos e 200 feridos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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