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Mundo

Jovens ganham força no México e esperam influenciar eleições

7 jun 2012 - 18h58
(atualizado às 19h20)
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Quase um mês após o surgimento do movimento "Eu Sou 132", os jovens do grupo estão convencidos de que conseguirão influenciar as eleições presidenciais mexicanas e, embora resistam a apoiar algum partido específicos, estão cientes de que favorecem a esquerda.

"Já estamos influenciando e acho que sim, que, pela magnitude que isso está tomando, vamos influenciar na decisão final", disse em entrevista à agência EFE o ativista Miguel Ramírez, um dos porta-vozes do movimento. Seu companheiro e também porta-voz César Sánchez se mostrou de acordo e disse que o poder midiático que o movimento alcançou está fazendo com que a estimativa de vitória do favorito, Enrique Peña Nieto, se veja "mais complicada" do que antes se percebia.

Os estudantes se referiram assim aos dados das recentes pesquisas políticas de opinião, como a da Consulta Mitofsky, que constata no último mês o avanço do candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador, em relação ao postulante do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto.

Embora o esquerdista siga 14,4 pontos atrás de Peña Nieto desde a pesquisa de 13 de maio, López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD), subiu cinco pontos percentuais nas pesquisas de intenções efetivas de voto, enquanto o candidato do PRI perdeu mais de quatro.

Apesar de o objetivo do movimento "Eu Sou 132" é transcender além das eleições presidenciais, os estudantes disseram à agência EFE que, na última assembleia do grupo, realizada na terça-feira passada, fizeram planos para organizar ações a curto prazo com o objetivo de evitar que Peña Nieto chegue à Presidência.

"Nos manifestamos contra ele não por sua pessoa ou sua forma de ser, mas pelo que representa. Há uma saturação pela maneira como tem se promovido por meio da mídia e das pessoas com quem faz conluio, gente que sempre esteve relacionada com a corrupção", declarou Ramírez.

Apesar da rejeição, os estudantes mantêm uma posição de não apoiar nenhum dos partidos, mas acreditam estar promovendo "sutilmente" uma mensagem a favor de López Obrador. "A opinião pública e as pesquisas indicam isso, que o candidato do PRD saiu favorecido. Estamos cientes de que leva essas tinturas, mas não podemos declinar a favor de um partido político agora", apontou o estudante da Universidade Intercontinental.

Ele reconhece que alguns militantes gostariam que o "Eu Sou 132" apoiasse López Obrador, mas disse que o movimento não vai fazê-lo - pelo menos "por enquanto" -, já que há muitos membros do grupo que apoiam outros candidatos. Por isso, o respaldo a um nome específico acarretaria em divisões internas.

Na assembleia, o movimento também decidiu promover o voto "responsável e informado" no dia 1º de julho, quando os mexicanos terão de escolher mais de 2 mil funcionários públicos, entre eles o presidente e 628 parlamentares.

Além disso, os estudantes convidaram nesta quarta-feira os candidatos para um terceiro debate, marcado para o próximo dia 19, quando os próprios jovens farão as perguntas - os dois primeiros debates foram organizados pelo órgão eleitoral, um já realizado no dia 6 de maio e outro que ocorrerá neste próximo domingo.

"Pelo que vimos no primeiro debate, nos demos conta da má organização e da pouca transparência quanto às perguntas", explicou Ramírez, que criticou as intrigas constantes e explícitas entre os candidatos e contestou o fato de as questões não terem sido formuladas pela sociedade em geral.

A candidata da legenda governista Partido Ação Nacional (PAN), Josefina Vázquez Mota, o aspirante da Nova Aliança, Gabriel Quadri, e o esquerdista López Obrador já confirmaram sua presença no debate dos estudantes. Peña Nieto, no entanto, recusou o convite nesta quinta-feira por considerar que será atacado pelo movimento e que o debate "não terá condições de imparcialidade e neutralidade".

O debate será realizado na Universidade Ibero-Americana, onde se articulou o movimento, e será moderado por um jornalista ainda a ser definido. Segundo Ramírez e Sánchez, os jovens do "Eu Sou 132" também discutiram temas de organização, para evitar o caos registrado nas últimas semanas pelo rápido crescimento do movimento, que por enquanto se financia com dinheiro dos próprios estudantes.

Assim, eles decidiram que cada uma das universidades promoverá assembleias para propor ações que depois serão debatidas em encontros gerais, os quais terão a presença de dois representantes por campus. Além dos universitários, também participarão destas assembleias acadêmicos que expressaram apoio ao movimento e que receberão ajuda e assessoria legal.

Os jovens contaram que alguns alunos receberam o apoio de suas faculdades, mas acusaram as universidades de terem inclinações políticas, o que seria o motivo para a maioria delas continuarem desconhecendo os estudantes e, portanto, o movimento.

EFE   
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