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América Latina

Insegurança, narcotráfico e corrupção: os desafios do próximo governo peruano

8 abr 2016 - 18h28
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A luta contra a insegurança, o narcotráfico e a corrupção está entre os grandes desafios que aguardam o próximo governo do Peru, que também organizará as comemorações do bicentenário da independência do país em 2021.

Estes problemas, que em muitos casos superam a preocupação com a economia, são parte do debate entre os cidadãos e foram mencionados pelos candidatos com propostas diversas que coincidem na urgência de tomar medidas drásticas para combatê-los.

Para os peruanos o principal problema é a insegurança, que gera tanta ansiedade que uma pesquisa apontou que 88% da população pensava em dezembro do ano passado que nos próximos 12 meses seria vítima de um crime.

Isto apesar de as estatísticas indicarem que a insegurança é inferior no Peru do que em outros países da região, com números oficiais que apontam que 29,5% dos peruanos sofreu um crime.

No entanto, grande parte da população considera que a situação se agravou durante o governo de Ollanta Humala, que encerrará seu mandato no próximo dia 28 de julho com este problema como um dos pontos mais questionados de sua gestão.

Nesse contexto, durante a atual campanha, Keiko Fujimori, que lidera as pesquisas de opinião divulgadas até agora, afirma que não "tremerá para lutar contra a criminalidade" e propõe implementar bases de dados entre a polícia e o Judiciário, construir mais prisões e penalizar os delitos menores com trabalho comunitário.

Já o ex-ministro Pedro Pablo Kuczynski, candidato do partido Peruanos pelo Kambio (um trocadilho com o termo 'mudança' em espanhol, mas com "K" de Kuczynski), defende uma ação conjunta entre a polícia e a segurança municipal, uma reforma do Conselho Nacional da Magistratura e a formação de um sistema penal especializado contra o crime organizado.

A congressista Verónika Mendoza, do esquerdista Frente Ampla, sugere um plano de educação e emprego para menores em risco, a reforma da polícia, e a inclusão dos temas de gênero e direitos humanos nos estudos de policiais e membros do Judiciário.

Outros candidatos, como o ex-presidente Alan García, exigem que as forças armadas participem da luta contra a delinquência, uma possibilidade que o atual Executivo rejeitou assinalando que essa tarefa corresponde à polícia.

Os analistas ressaltam que o aumento da delinquência e do crime organizado está vinculado com o narcotráfico, outro dos grandes problemas que o próximo governo terá que enfrentar.

Isto apesar de o regime de Humala ter conseguido durante 2014 uma diminuição de 13,9% nos cultivos de folha de coca, que passaram de 49.800 hectares em 2013 a 42.900, embora o Peru ainda se mantenha entre os maiores produtores mundiais de cocaína.

Nos últimos anos, aumentaram no país outros delitos vinculados com o narcotráfico, como a extorsão e os assassinatos de aluguel, e há analistas que alertam, sem citar nomes, que há candidatos que representam interesses dos traficantes.

Todos estes delitos estão vinculados com a corrupção, um mal que afeta as instituições peruanas e levou ao descrédito do aparelho estatal e de organismos tão importantes como o Congresso e o Judiciário.

Entre os cidadãos estas instituições aparecem como as mais desprestigiadas, razão pela qual exigem do próximo governo que enfrente a corrupção com linha dura e leis severas.

Consciente de que este é o ponto mais questionado de sua vida política, Keiko sustenta que não permitirá "que a história se repita", em alusão à gigantesca rede de corrupção que se formou durante o regime de seu pai, o ex-presidente preso Alberto Fujimori (1990-2000).

Kuczynski, por sua vez, admite que a corrupção "é um tema quase cultural" em seu país, razão pela qual considera necessário fortalecer o Sistema Nacional Anticorrupção e a Unidade de Inteligência Financeira.

Já Mendoza afirma que se deve reforçar a luta contra a corrupção nos governos regionais, com o fortalecimento da Controladoria Geral.

Além da luta para manter os bons números macroeconômicos que o Peru alcançou nos últimos anos, estes problemas apresentam um cenário complexo para o governante que assumirá em 28 de julho com a meta de consolidar o desenvolvimento do país no meio das celebrações de seu bicentenário.

EFE   
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