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América Latina

Indígenas bolivianos rejeitam diálogo com ministros de Morales

19 ago 2011 - 16h27
(atualizado às 16h30)
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Indígenas da Amazônia boliviana, que iniciaram na segunda-feira uma marcha de 600 km até La Paz contra uma estrada financiada pelo Brasil que cruzará uma reserva ecológica, insistiram nesta sexta-feira que dialogarão apenas com o presidente Evo Morales e rejeitaram ministros como interlocutores.

O mandatário enviou uma comissão de seu gabinete, liderada por seu braço direito, Carlos Romero, ministro da Presidência, ao povoado amazônico de San Ignacio de Moxos, mais de 500 km a nordeste de La Paz, para dialogar com os nativos que chegaram a este povoado, mas os manifestantes se negaram a falar com a autoridade.

"Não, não vamos dialogar, porque isso foi determinado ontem (quinta-feira). Ficou estabelecido que se o presidente não vier, não vamos participar do diálogo" com os ministros, afirmou o líder indígena Adolfo Chávez, entrevistado pelo canal de televisão Unitel. Os manifestantes, disse Chávez, descansarão em San Ignacio de Moxos e reiniciarão nas próximas horas a caminhada que deve ser concluída em La Paz, daqui a 35 dias, cobrindo um trajeto de 600 km.

San Ignacio de Moxos é justamente onde termina a estrada asfaltada de 300 km que o governo pretende construir a partir da cidade cocaleira de Villa Tunari (centro), reduto político do presidente Morales. Os indígenas exigem, principalmente, que a estrada não seja construída ou que seja feito um traçado diferente, sem afetar o Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure, no centro do país, uma região rica em flora e fauna e onde vivem diversas tribos indígenas vivem há muitos anos.

Em suas demandas, já recorreram à OEA e ao governo brasileiro, que financiará a estrada que tem um custo total de US$ 415 milhões. Os indígenas argumentam que a obra viária prejudicará o ecossistema do parque, que tem uma extensão de 1 milhão de hectares.

A estrada já começou a ser construída, apesar de as obras ainda não terem chegado à reserva ecológica, enquanto o governo defende a obra que, segundo insiste, gerará desenvolvimento na região.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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