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América Latina

HRW liga militares de alto escalão da Colômbia a execuções extrajudiciais

24 jun 2015 - 15h24
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Vários militares de alto escalão na Colômbia, ainda ativos, estão envolvidos em execuções extrajudiciais "generalizadas e sistemáticas" de civis entre 2002 e 2008, no âmbito do conflito armado no país desde os anos 1960, afirmou nesta quarta-feira a ONG de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

Em um relatório de 105 páginas intitulado "O papel dos comandantes de alto escalão em falsos positivos", a organização com sede em Nova York inclui evidências de que "muitos generais e coronéis" sabiam sobre estes casos de civis que as forças armadas apresentavam como guerrilheiros mortos em combate, com os quais aumentavam os números de insurgentes abatidos e recebiam prêmios e promoções.

Dois generais importantes aparecem entre os acusados pela HRW: Juan Pablo Rodríguez, atual chefe das Forças Militares, e Jaime Lasprilla, comandante do Exército. Tanto Rodríguez quanto Lasprilla dirigiram brigadas nas quais foram registrados ao menos 76 supostas execuções extrajudiciais, segundo o relatório da ONG, baseado em dados da Procuradoria colombiana.

"Há cada vez mais evidências de que oficiais de alto escalão do Exército seriam responsáveis por estes fatos atrozes", indicou José Miguel Vivanco, diretor-executivo da divisão das Américas da HRW, em uma coletiva de imprensa em Bogotá.

Vivanco afirmou, no entanto, que os oficiais do Exército no comando quando as execuções ocorreram "conseguiram escapar da justiça e inclusive chegaram aos níveis mais altos do comando militar".

Segundo a HRW, a Procuradoria da Colômbia investiga ao menos 3.000 destes casos de falsos positivos. No entanto, embora centenas de soldados de baixo escalão tenham sido condenados, poucos coronéis e nenhum general o foram.

"Os procuradores enfrentam obstáculos substanciais que impedem avanços em seus casos, e que incluem desde represálias contra testemunhas chaves até falta de cooperação por parte de autoridades militares", disse Vivanco, acrescentando que possivelmente centenas de casos estão na Justiça Penal Militar, "onde sua imunidade é praticamente garantida".

O relatório da HRW foi elaborado com dados da Procuradoria "inéditos até este momento", processos penais e depoimentos de testemunhas, entrevistas com procuradores, familiares de vítimas e seus advogados, entre outras fontes.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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