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América Latina

Governo colombiano e Farc retomam processo de paz em meio a combates

25 mai 2015 - 14h21
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As delegações do governo da Colômbia e da guerrilha das Farc retomaram nesta segunda-feira as negociações de paz em Havana, após vários dias de tensão e de uma nova escalada no conflito interno no país, que deixou mais de 30 rebeldes mortos.

As negociações recomeçaram em uma atmosfera de tensão e em meio a novos combates na Colômbia - como no início das negociações de paz, em novembro de 2012 - uma vez que os dois lados abandonaram as medidas unilaterais de desescalada que haviam permitido a redução dos confrontos e vítimas.

"Aumentar a tensão não é o caminho", declarou o comandante da guerrilha Pablo Catatumbo, que admitiu que "os trágicos eventos da última semana são um passo para trás no progresso feito na mesa de diálogo em Havana", que busca acabar com meio século de um conflito sangrento.

A delegação de paz do governo não fez declarações à imprensa após a retomada do diálogo.

As negociações foram interrompidas na sexta-feira depois de um bombardeio das forças militares contra um acampamento das FARC no dia anterior em Cauca (sudoeste da Colômbia), que foi seguido por um outro ataque no sábado, em Antioquia (norte).

Neste dia, as delegações se preparavam para anunciar o início de um programa conjunto de desminagem, mas o processo foi suspenso.

Em declarações na sexta-feira, Catatumbo disse que os dois ataques mataram 37 guerrilheiros (27 em Cauca e 10 em Antioquia), enquanto o governo contabilizou 36 (26 e 10).

O ataque de Cauca levou os guerrilheiros comunistas a encerrarem um cessar-fogo unilateral declarado em dezembro.

O bombardeio ocorreu na mesma região onde 11 soldados foram mortos em uma emboscada das Farc, em 15 de abril, em meio à trégua unilateral.

Após a emboscada contra os militares, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, autorizou a retomada dos bombardeios contra as Farc, que tinham sido suspensos em março.

O conflito no país já deixou cerca de 220 mil mortos e seis milhões de deslocados, segundo dados oficiais.

Catatumbo criticou o presidente Santos por ordenar os ataques contra acampamentos das FARC, considerando que "este é um caminho equivocado e é óbvio que a paz não será alcançada por meio de uma escalada do conflito".

"Dói ver que parte da Colômbia acostumou-se a uma guerra que já dura mais de 50 anos e que não tem vencedores nem vencidos", disse ele. "Não se pode pretender que através da pressão militar ou das ameaças seja possível submeter nossa vontade de luta", acrescentou.

As duas partes chegaram a acordos sobre três dos seis pontos da agenda de paz, além do plano de retirada de minas, instaladas ao longo do conflito e que deixaram 11.000 vítimas, entre mortos e feridos, desde 1990.

Em Cuba, as partes alcançaram acordos parciais sobre a reforma agrária, participação política e drogas ilícitas, mas ainda são necessários consensos sobre o tema das vítimas, o desarmamento e o mecanismo para referendar um eventual pacto final.

Apesar das tensões, nenhuma das partes ameaçou abandonar o processo de paz, onde Noruega e Cuba atuam como "fiadores" e Chile e Venezuela como "acompanhantes"

"Temos que tomar decisões para parar esta guerra o mais rápido possível e estou pronto para acelerar as negociações para obter esse cessar-fogo bilateral e definitivo com a maior rapidez possível", disse Santos em uma cerimônia de entrega de habitações em Bogotá no sábado.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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