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América Latina

Governo argentino quebra silêncio para rejeitar denúncias de corrupção

14 mai 2013 - 18h49
(atualizado às 20h10)
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O governo argentino quebrou seu silêncio nesta terça-feira para rejeitar as denúncias sobre supostas práticas corruptas no círculo do poder reveladas, entre outras pessoas, por Miriam Quiroga, secretária do falecido ex-presidente Néstor Kirchner.

Miriam depôs hoje a portas fechadas perante um juiz de Buenos Aires como testemunha em uma causa aberta por suposta formação de quadrilha de funcionários e empresários relacionados com o ex-presidente Kirchner (2003-2007).

A ex-secretária chegou aos tribunais acompanhada de uma custódia policial e evitou o contato com a imprensa que esperava em frente à sede judicial.

Miriam foi citada pela Justiça após participar de um programa televisivo no qual afirmou que, quando trabalhava para a presidência, viu um colaborador próximo de Kirchner sair com bolsas, supostamente carregadas de dinheiro, destinadas à chácara presidencial de Olivos e à residência familiar do ex-presidente em Santa Cruz, no sul da Argentina.

Fontes judiciais evitaram confirmar se Miriam ratificou suas declarações televisivas perante o juiz que investiga a causa aberta em 2008 por uma denúncia da deputada opositora Elisa Carrió contra Kirchner e vários de seus colaboradores.

Miriam Quiroga começou a trabalhar com Néstor Kirchner quando este era governador de Santa Cruz e, após sua eleição como presidente em 2003, foi contratada como secretária de Documentação na Casa Rosada, onde se manteve até que foi despedida poucos meses depois da morte do ex-mandatário, falecido em outubro de 2010.

Em 2011 fez explosivas declarações a uma revista argentina nas quais sugeriu que tinha mantido uma estreita relação com Kirchner, marido e antecessor no cargo da atual governante, Cristina Kirchner.

Suas revelações coincidem com denúncias jornalísticas sobre o suposto envolvimento de empresários próximos a Kirchner em supostos crimes de lavagem de dinheiro, como Lázaro Báez, que precisamente hoje se apresentou perante a procuradoria de Río Gallegos para rejeitar as acusações que lhe vinculam com a evasão de milhões de dólares ao Uruguai para sua transferência a bancos suíços.

O escândalo cresceu nos últimos dias com novas revelações anônimas de um piloto que supostamente teria visto como um colaborador de Kirchner utilizava seu avião para o transporte de dinheiro em bolsas e com a declaração de um arquiteto que assegura que a casa do casal presidencial tem uma caixa-forte destinada a guardar valores.

Enquanto a Justiça avança nas investigações pelas denúncias sobre supostas práticas ilícitas, dirigentes governistas e funcionários do governo quebraram o silêncio que tinham guardado durante as últimas semanas e rejeitaram as acusações, embora a presidente, por enquanto, se mantenha à margem da polêmica.

A deputada governista Diana Conti defendeu os Kirchner assegurando que fizeram sua "fortuna desde muito jovens, através do trabalho".

Já para o secretário-geral de presidência, Óscar Parrilli, as denúncias procedem de "alcoviteiros midiáticos" que "tentam gerar um clima de terror, um ambiente de medo".

Também o ministro do Planejamento, Julio de Vido, encorajou os que, como ele, são peronistas, a "contestar" essas informações.

O escândalo que afeta o entorno de Cristina Kirchner provocou uma queda de sua avaliação nas enquetes, em um ano especialmente complexo pelas eleições legislativas do próximo mês de outubro.

Segundo a última declaração jurada de Cristina perante o Escritório Anticorrupção, conhecida em agosto de 2012, o patrimônio da governante era em 2011 de 39,6 milhões de pesos (R$ 17,2 milhões), uma quantia muito inferior à de 2010, quando declarou 70,5 milhões de pesos (R$ 30,6 milhões).

O motivo dessa queda é que em 2010 sua fortuna estava unida à de seu marido e, por outro lado, em 2011 a ela só ficou metade do que tinha Kirchner, pois a outra metade foi herdada pelos dois filhos do casal, Florença e Máximo.

Cristina, que contava em 2011 com uma receita anual de 331.809 pesos como presidente, herdou de seu marido 31,6 milhões de pesos.

Além disso, obtém lucro por rendas de propriedades herdadas de seu marido e por dois hotéis que possui na cidade sulina de Calafate, onde também tem terrenos com uma superfície de até 47 mil metros quadrados, segundo essa declaração.

EFE   
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