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América Latina

Governador de Buenos Aires assume protagonismo na ausência de Cristina

8 out 2013 - 21h21
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O governador da província de Buenos Aires, o peronista Daniel Scioli, que não esconde as ambições presidenciais, assumiu o centro da cena política na ausência forçada de Cristina Kirchner e a falta de figuras fortes dentro do kirchnerismo.

Scioli, vice-presidente durante o governo de Néstor Kirchner (2003-2007), foi hoje o primeiro dos governistas a informar o resultado da cirurgia de Cristina para a retirada de um coágulo no cérebro.

"Terminou a operação. Quero compartilhar com vocês a tranquilidade de que a presidente se está recuperando da anestesia. Se Deus quiser, vai estar muito em breve conosco em plena ação de governo, que é o que caracteriza a este projeto", disse Scioli em um ato na cidade de San Martín.

O governador foi a primeira fonte de informação sobre o resultado da operação, inclusive quase duas horas antes de o porta-voz presidencial divulgar o boletim oficial.

"Diante da má comunicação oficial, Scioli aparece como uma figura calma, moderada e que transmite tranquilidade, que é o que se requer nestes casos. Se adaptou bem à situação", disse hoje à agência Efe o diretor do Centro de Opinião Pública da Universidade de Belgrano, Orlando D'Adamo.

Já no sábado passado o governador tinha sido um dos poucos do governo a falar à imprensa sobre o estado de saúde da governante, e informou que era preciso "cuidá-la" e "não expô-la a um risco maior como o que exige este trabalho".

Hoje Scioli voltou a expressar seus bons desejos para que Cristina volte em breve a "trabalhar incansavelmente por novas conquistas sociais".

O protagonismo que o governador conquistou não foi dividido com outros dirigentes governistas, nem pelo vice-presidente que assumiu interinamente, a contragosto de Cristina, a presidência interina durante sua recuperação, Amado Boudou.

Com Cristina convalescente, Scioli - que não é candidato - se torna a principal figura da campanha do governo para as eleições legislativas do próximo dia 27 na província de Buenos Aires, o maior distrito eleitoral do país.

Ali o governo sofreu uma forte derrota nas primárias de agosto, quando seu primeiro candidato a deputado, Martín Insaurralde, obteve 29,65% dos votos, contra 35,05% conseguido por Sergio Massa, ex-chefe de Gabinete de Cristina e hoje líder do peronismo de oposição.

Scioli teve uma relação de idas e voltas com o kirchnerismo, desde os atritos com o próprio Kirchner durante o mandato dele, até as acusações de traição que lhe valeram a aproximação a Massa antes da definição das candidaturas para as primárias.

No entanto, depois de o diálogo com Massa para carimbar uma aliança naufragar, Scioli, cuja província necessita constantemente de auxílio financeiro do governo federal, se virou abertamente por um respaldo de Insaurralde.

"O governo está esperando o resultado do dia 27 para avaliar os danos. Cristina não vai ser a grande eleitora nas eleições presidenciais de 2015 e não há ninguém dentro do kirchnerismo que se caracterize como sucessor", disse D'Adamo.

O analista apontou que Scioli não se parece com o kirchnerismo "nem em estilo nem em conteúdo ideológico, mas a necessidade é herege" e o governo "não tem muitas opções" para 2015.

"Outros governadores são menos conhecidos e o segundo escalão do governo estão muito afastados do conhecimento público. O racional seria que elegessem Scioli", afirmou D'Adamo.

Uma recente pesquisa divulgada pelo consultor Hugo Haime assinala que, se as eleições fossem hoje, Massa teria 27,7% dos votos, seguido por Scioli, com 24,5%.

Scioli, de 56 anos, é o líder do Partido Justicialista desde que Kirchner renunciou à Presidência do partido em 2009.

O ex-campeão de motonáutica chegou ao peronismo em 1997, pelas mãos do então presidente Carlos Menem, quando foi eleito deputado.

Em 2001 foi reeleito como deputado e nesse ano designado secretário de Turismo e Esporte pelo então presidente interino Adolfo Rodríguez Saá, cargo que também exerceu no governo de Eduardo Duhalde.

EFE   
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