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Fujimori e Humala trocam farpas às vésperas da eleição

30 mai 2011 - 11h55
(atualizado às 12h13)
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Os candidatos Keiko Fujimori e Ollanta Humala trocaram acusações na noite de domingo no único debate previsto até a eleição presidencial do Peru, programada para o próximo domingo, considerado crucial devido ao empate técnico nas pesquisas de opinião.

Os candidatos aproveitaram cada ooprtunidade para atacar o oponente no único e tenso encontro, horas após três pesquisas apontarem o empate técnico. Duas apontam uma pequena vantagem para a congressista Fujimori e a outra mostra a liderança de Humala.

Humala, um ex-militar de esquerda, concentrou os ataques à Keiko afirmando que ela seria a continuidade do governo de Alberto Fujimori (1990-2000), que está condenado a 25 anos de prisão por violação dos direitos humanos e corrupção e é o pai da candidata adversária.

A direitista Fujimori insistiu que o adversário mudou pelo menos quatro vezes o plano de governo e fez referência a uma tentativa de golpe de Estado do agora candidato Humala em 2000 contra o governo de Fujimori, e pelo qual foi anistiado depois.

Fujimori também questionou uma possível mudança na Constituição que Humala havia proposto e que tem gerado insegurança no setor econômico.

Humala afirmou que o governo de Fujimori - do qual Keiko foi primeira dama - "desviou 600 milhões de dólares".

Depois, em um dos momentos mais tensos do debate, Humala se referiu à acusação - investigada sem conclusões - de que durante o governo de Alberto Fujimori "foram esterilizadas mais de 300 mil mulheres (nos Andes e na Amazônia) sem o consentimento delas".

"Você (que era primeira dama) tinha 26 anos não era uma menina", disse.

Após várias referências ao governo do pai, Keiko disse ao esquerdista: "Você está debatendo comigo; se quer debater com Alberto Fujimori pode ir à Diroes", em referência à base policial em Lima onde o ex-presidente está detido.

Keiko também disse pelo menos duas vezes a Humala "pare de mentir".

Alvaro Vargas Llosa, cientista político que apoia Humala, afirmou que "Ollanta entrou candidato e saiu presidente. Ela parecia uma candidata ao grêmio estudantil da Universidade de Boston".

Disse que "ela melhorou em outros dois segmentos com capacidade de apresentar, embora Ollanta com menos carisma tenha maior autenticidade".

Alfredo Ferrero, ex-ministro do Comércio e partidário de Keiko, opinou que "não há vencedor nem perdedor; Ollanta foi pelo caminho que mais o interessava, ele se apresentou como a mudança, ela disse ''não sou meu pai''. Vejo debilidades nos ataques que Ollanta fez contra Keiko".

As pesquisas publicadas no domingo apontam que Humala recuperou espaço na preferência dos eleitores.

A empresa Ipsos Apoyo apontou 41% das intenções de votos para Fujimori, contra 39% para o rival, com 20% de votos brancos ou indecisos.

Contabilizando apenas os votos válidos (sem contar nulos e brancos), há uma diferença de um ponto percentual a favor de Fujimori, 50,5% contra 49,5%, segundo o estudo.

"Keiko Fujimori segue com uma pequena liderança, embora tenha perdido um pouco da vantagem", disse Alfredo Torres, gerente da Ipsos Apoyo.

Uma pesquisa da Imasen aponta uma vantagem para Humala com 50,8% frente a 49,2% para a filha do ex-presidente, uma diferença de 1,6%, que configura um empate estatístico.

Outra pesquisa da empresa CPI revela que Fujimori ainda está em primeiro lugar (44,6% contra 41,5%), mas ela teve uma queda registrada na comparação com a pesquisa da mesma empresa uma semana antes.

Para CPI, Fujimori tinha uma vantagem de 7,4% no domingo passado, e agora esta caiu para 3,1%, o que deixa os candidatos num empate técnico.

Na última sexta-feira, uma enquete realizada pela Universidade Católica mostrou Humala em primeiro com 50,3% das intenções de votos, contra 49,7% de Fujimori, aumentando ainda mais as dúvidas sobre o resultado das eleições do próximo domingo.

A campanha eleitoral tem dividido os peruanos num clima que é alimentado pelos meios de comunicação, que abertamente tem tomado partido por um ou outro candidato.

A consultoria Imasen, a única que fez uma pesquisa sobre a postura da mídia, afirma que 59% dos peruanos acreditam que Fujimori tem mais apoio dos meios de comunicação, contra 12,4% que consideram que Humala tem melhor apoio.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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