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América Latina

Fidel e Raúl vivem como capitalistas, diz dissidente cubano

28 dez 2011 - 17h36
(atualizado às 18h08)
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O dissidente cubano Guillermo Fariñas criticou o estilo de vida de Fidel e Raúl Castro, que classificou como capitalista, e afirmou que os irmãos pretendem fazer com que Cuba adote progressivamente esta corrente econômica por pragmatismo e desejo de poder. "Eles têm propriedades na Espanha, Argentina e Chile, e negócios na indústria do vinho. Têm muito o que perder. São muito comunistas, mas vivem como capitalistas", afirmou Fariñas durante uma entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal peruano El Comercio.

De acordo com o psicólogo de 49 anos, os irmãos Castro deslocaram sua ideologia comunista pelo pragmatismo e pelo desejo de poder, embora queiram ficar na história "como se nunca tivessem se vendido ao capitalismo". "Há um ano foram realizadas uma série de manobras de cunho neoliberal dentro do governo cubano, apesar de durante 40 anos terem falado mal deste sistema", declarou.

Fariñas afirmou que a insatisfação do povo cubano é grande perante estas medidas e que o governo está preparando "uma aterrissagem" ao capitalismo que não tenha um custo político. "Os que estão agora com o poder comunista terminarão como os capitalistas da era pós-Castro", opinou. Para Fariñas, as revoltas no mundo árabe deste ano, que produziram a queda de líderes instaurados no poder durante décadas, marcaram os Castro e também os opositores.

"Eles estão tentando que não aconteça como na Líbia, que pela obstinação da família Kadafi perderam tudo, inclusive suas vidas. A eles já não importa tanto seu futuro, mas o de seus filhos, netos e bisnetos", manifestou. O dissidente reconheceu que não é fácil ser opositor em seu país e disse que os que existem não estão divididos, mas "atomizados", seja pelas manobras do governo ou pelos rasgos de personalidade dos líderes.

"Aqui, em Cuba, imprimem o medo desde que você nasce, por isso não é possível ser opositor de um só golpe. Vamos aprendendo a perder o medo pouco a pouco", disse. Fariñas, que adquiriu reconhecimento internacional por suas longas greves de fome que quase o levaram à morte, disse que possui sequelas por essas medidas de protesto, como "uma trombose muito perigosa" e sérios problemas nos ossos. "As greves de fome causaram um desgaste ósseo que me causa muita dor nas articulações, mas acho que o principal é o espírito", defendeu o dissidente.

EFE   
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