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América Latina

Fidel critica "maquiavelismo" dos EUA em relação ao Egito

31 jan 2011 - 13h21
(atualizado às 13h45)
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O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, criticou nesta segunda-feira o "maquiavelismo" dos Estados Unidos em relação ao Egito e denunciou que enquanto Washington "fornecia armas" ao Governo do Cairo, a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) oferecia fundos à oposição do país árabe.

Protestos voltam a se intensificar no Egito:

"Obama não consegue administrar a situação que criaram", escreve Fidel na última de suas "Reflexões" ao criticar os EUA sobre os eventos ocorridos em países como o Egito e Tunísia.

Sobre o caso da Tunísia, Fidel Castro qualifica de "incrível" que Washington expresse agora "sua felicidade" pela queda de Ben Ali quando, na sua opinião, foi o Governo dos Estados Unidos que impôs o neoliberalismo nesse país.

"Há poucos dias se derrubou o Governo da Tunísia, onde Estados Unidos tinha imposto o neoliberalismo e estava feliz de sua proeza política. A palavra democracia tinha desaparecido do cenário. É incrível como agora, quando o povo explorado derrama seu sangue e assalta as lojas, Washington expressa sua felicidade pela derrubada", assinala o ex-presidente cubano.

Em referência ao Egito, Castro aponta o país como principal aliado dos EUA no mundo árabe e diz que "um grande porta-aviões e um submarino nuclear, escoltados por aviões de guerra norte-americanas e israelitas, cruzaram o Canal de Suez em direção ao Golfo Pérsico há vários meses, sem que a imprensa internacional tivesse acesso ao que ali ocorria".

Segundo o líder cubano, milhões de jovens egípcios sofrem com o desemprego e a escassez de alimentos provocada na economia mundial "e Washington afirma que os apoia".

"Seu maquiavelismo é identificado quando fornecia armas ao Governo egípcio, enquanto a USAID fornecia fundos à oposição", denúncia Fidel Castro.

Se questiona, finalmente, se os Estados Unidos poderão deter "a onda revolucionária que atinge o Terceiro Mundo".

Também se refere brevemente em seu artigo à última reunião do Fórum Mundial de Davos que, resenha, "se transformou em uma Torre de Babel, e os estados europeus mais ricos liderados pela Alemanha, Grã-Bretanha e França, só coincidem em seus desacordos com os Estados Unidos".

Protestos convulsionam o Egito

A onda de protestos contra o presidente Hosni Mubarak, iniciados em 25 de janeiro, tomou nova dimensão no dia 29. O governo havia tentado impedir a mobilização cortando a internet, mas a medida não surtiu efeito. O líder então enviou tanques às ruas e anunciou um toque de recolher - ignorado pela população - e disse que não renunciaria. Além disso, defendeu a repressão e anunciou um novo governo, que buscaria "reformas democráticas". A declaração foi seguida de um pronunciamento de Barack Obama, que pediu a Mubarak que fizesse valer sua promessa de democracia.

O governo encabeçado pelo premiê Ahmed Nazif confirmou sua renúncia na manhã de sábado. Passaram a fazer parte do novo governo o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro de Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que inaugura o cargo de vice-presidente do Egito - posto inexistente no país desde o início do governo de Mubarak, em 1981. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da política antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição segue se articulando em direção a um possível novo governo para o país. Em um dos momentos mais marcantes desde o início dos protestos, ElBaradei discursou na praça Tahrir e garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Na segunda-feira, o principal grupo opositor, os Irmãos Muçulmanos, disse que não vão dialogar com o novo governo. Depois de um domingo sem enfrentamentos, os organizadores dos protestos convocaram uma enorme mobilização para a terça, dia 1º de fevereiro.Depois Já passam de 100 os mortos desde o início dos protestos, na última terça.

EFE   
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