PUBLICIDADE

América Latina

Farc e Colômbia retomam diálogo de paz em Cuba sobre questão agrária

11 mar 2013 - 19h16
Compartilhar

A guerrilha comunista das Farc e o governo colombiano retomaram nesta segunda-feira as negociações de paz em Havana centradas na questão agrária, após uma breve homenagem dos insurgentes ao falecido presidente venezuelano Hugo Chávez.

"Permitam-nos, neste cenário de solução política em Havana, prestar nossa mais sentida homenagem póstuma ao comandante Hugo Chávez Frías, presidente da paz, da irmandade latino-caribenha", disse o comandante guerrilheiro Jesús Santrich, pouco antes de retomar as negociações após uma pausa de nove dias.

Chávez faleceu na Venezuela no dia 5 de março, durante o recesso no diálogo entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo de Juan Manuel Santos. Venezuela e Chile acompanham o processo de paz, enquanto Cuba e Noruega são "garantidores" do processo.

Santrich apresentou "oito propostas mínimas para o reconhecimento do direito à terra e ao território das comunidades indígenas e afro-descendentes", entre outros grupos.

Essas propostas "tentam reunir aspirações legítimas dessas comunidades", como o direito à terra, garantia efetiva de autonomia política, econômica e de administração da justiça, disse Santrich na chegada da delegação das Farc ao Palácio de Convenções de Havana, sede das negociações, que iniciaram no dia 19 de novembro.

Por sua vez, o negociador-chefe do governo, Humberto de la Calle, afirmou que sua delegação tem "instruções do presidente da República de avançar e tentar concluir o primeiro ponto da agenda, que é o relacionado com o desenvolvimento agrário integral".

"Trata-se da transformação do campo em benefício dos mais pobres, dos camponeses pobres e através de grande quantidade de medidas e de decisões relacionadas com a transformação do campo", acrescentou De la Calle em uma gravação de áudio enviada à imprensa.

O tema da terra é o primeiro e mais complexo da agenda de cinco pontos do processo de paz, no qual ambas as partes reconheceram terem tido "avanços" e "coincidências".

Apesar da aparente lentidão e das recriminações mútuas, o chefe da delegação insurgente, Iván Márquez, garantiu antes do recesso que "nunca se avançou tanto" em um processo de paz com a Colômbia, em referência às tentativas anteriores de terminar o conflito, de quase meio século.

O próprio presidente Santos confirmou suas esperanças no domingo em Bogotá, após ter se reunido com sua delegação negociadora antes de voltar à Havana.

"Estive reunido com os negociadores que estão conversando em Havana para ver se podemos conseguir que nunca mais tenhamos mais vítimas do conflito", disse Santos em um ato público. "Tomara que alcancemos", enfatizou.

Santos, que assistiu na sexta-feira às cerimônias fúnebres de Chávez, disse em dezembro que havia sido "fundamental" para chegar à mesa de negociações com as FARC e, em janeiro, indicou que esperava que Caracas mantivesse o apoio ao processo de paz, apesar de o dirigente venezuelano não ter superado sua doença.

As negociações ocorreram em meio ao conflito, apesar de os insurgentes terem defendido um cessar-fogo "bilateral" que não foi aceito por Bogotá. O governo colombiano reiterou que manterá as operações contra-insurgentes enquanto um acordo de paz definitivo não for alcançado.

A guerrilha manteve um cessar-fogo unilateral de 20 de novembro ao 20 de janeiro.

Mas após esse período, dois soldados morreram e duas crianças ficaram feridas no domingo devido à explosão de um artefato explosivo no noroeste da Colômbia, informaram as autoridades que atribuíram esta ação às Farc.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
Compartilhar
Publicidade