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Mundo

Farc anunciam disposição de negociar com governo colombiano

10 jan 2012 - 01h26
(atualizado às 01h51)
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A guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) está disposta a dialogar com o presidente Juan Manuel Santos, revela um comunicado firmado pelo máximo líder da organização, Timoleón "Timochenko" Jiménez, divulgado nesta segunda-feira no site www.farc-ep.co.

Há temas que "nos interessam tratar em uma hipotética mesa de conversações. De cara o país, analisar a questão das privatizações, a desregulamentação, a liberdade absoluta de comércio e investimentos, a depredação ambiental, a democracia de mercado, a doutrina militar", destaca o comunicado das Farc.

O líder da guerrilha mais antiga da América Latina afirma que o conflito armado na Colômbia "não terá solução enquanto não atenderem nossas vozes". "Timochenko" não fornece detalhes sobre sua proposta, mas pede a "retomada da agenda que ficou pendente em El Caguán", em referência aos últimos diálogos de paz entre as Farc e o governo colombiano, então presidido por Andrés Pastrana, que fracassaram há quase uma década.

Como temas concretos a discutir com o governo, "Timochenko" denuncia que o Exército incrementou sua atividade na região de El Catatumbo (departamento do Norte de Santander) para expulsar indígenas Barí e oferecer a riqueza mineral e petroleira a grupos multinacionais.

"Trata-se da mesma história que ocorre neste país há décadas. Por séculos, uma casta no poder sempre coloca à frente seus interesses". Timochenko, cujo verdadeiro nome é Rodrigo Londoño, foi nomeado líder das Farc em 5 de novembro passado, um dia após a morte de Alfonso Cano em uma operação militar.

O presidente Santos já indicou, em várias ocasiões, que está disposto a iniciar um processo de negociação de paz com as Farc, mas sempre e quando o grupo armado libertar os militares e policiais sequestrados, suspender o recrutamento de menores e deter os atentados.

Há duas semanas, as Farc anunciaram sua intenção de libertar em breve seis dos 11 policiais e militares que mantêm sequestrados. Como ministro da Defesa, Santos liderou as principais operações contra os chefes das Farc, incluindo o ataque aéreo que em 2008 matou o então número dois da guerrilha, Raúl Reyes.

Em 2010, já como presidente, Santos ordenou a ação militar que liquidou o número dois das Farc, Jorge Briceño ("Mono Jojoy"), e em 2011 conseguiu abater o líder máximo da guerrilha, Alfonso Cano.

"Timochenko", 52 anos, médico de profissão, veio da ala militar das Farc e é tido como um especialista em inteligência. Seu perfil contrasta com o de Alfonso Cano, considerado um intelectual e principal ideólogo das Farc, cuja direção herdou em 2008, após a morte natural do fundador do grupo, Manuel Marulanda "Tirofijo".

As Farc, fundadas há quase meio século, tem atualmente entre 8 mil e 9 mil combatentes, segundo o ministério colombiano da Defesa.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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