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Exclusivo: Yoani Sánchez acredita que pode ser punida na volta a Cuba

A blogueira opositora também disse não estar assustada com a possibilidade de estar sendo espionada no Brasil. "Estou plenamente acostumada"

18 fev 2013 - 18h42
(atualizado em 9/9/2013 às 13h53)
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<p>A blogueira dissidente cubana Yoani Sánchez posa com a bandeira brasileira após desembarcar no aeroporto de Guararapes, em Recife (PE)</p>
A blogueira dissidente cubana Yoani Sánchez posa com a bandeira brasileira após desembarcar no aeroporto de Guararapes, em Recife (PE)
Foto: Reuters

A blogueira cubana Yoani Sánchez admitiu que existe a possibilidade de ser punida pelo regime de Fidel Castro quando retornar a Cuba, após uma visita a vários países que começa pela Bahia nesta segunda-feira. Em entrevista exclusiva ao Terra, a dissidente política da ilha disse que está acostumada às perseguições do governo local e que o significado de sua viagem pelo mundo pode, de fato, lhe trazer e também à sua família ainda mais complicações do que as que já vive atualmente.Yoani também disse estar ciente de que pode haver espiões cubanos a segui-la durante sua estadia pelo Brasil, conforme foi descrito por reportagem publicada na revista Veja desta semana. Porém, garante que não está assustada e confia na força que vem recebendo de amigos, admiradores e pessoas que está conhecendo dia após dia. 

“Não estou preocupada (com os espiões). Estou plenamente acostumada a ser vigiada todo o dia. A minha casa é vigiada, meu telefone está grampeado, minha família é perseguida de todas as maneiras possíveis. O governo faz muita penalização com quem decide expor ideias diferentes. Ele é como um pai autoritário que quando os filhos saem e não voltam na hora combinada, ele os castiga. Mas eu não mudo a minha opinião sobre o que acontece na Ilha”, declarou, em contato telefônico.

A mesma sobriedade é dispensada pela blogueira ao suposto dossiê apresentado na Embaixada de Cuba e que é narrado na reportagem de Veja. Segundo ela, trata-se de um documento “humorístico” e que já ocorreu de outras maneiras em diferentes momentos de sua vida de dissidente. O controle de informações, afirma, é uma constante por parte do governo e impediu inclusive a população de saber recentemente que o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, estava no país em tratamento. As informações que chegaram, contou Yoani, vinham da imprensa estrangeira.

“Este tipo de insulto é feito sempre a quem pensa de maneira diferente em Cuba. Para o governo, todos os dissidentes são mercenários fabricados pela CIA. Eles pensam que nenhuma pessoa seja decente em Cuba se não for a favor o regime, o que com certeza é impossível. Mas muita gente tem acesso à informação e pode perfeitamente pesquisar para saber quem eu sou, o que eu faço. Pode ler o meu blog, pode escutar o que eu falo. (O dossiê) É ridículo”.

Yoani Sánchez disse que os protestos que encontrou em Recife e Salvador não são “nada de novo” para ela, mas que preferiu vê-los como um marco de liberdade esperado em um regime democrático, pois o Brasil tem uma realidade diferente de Cuba e esta é mais uma maneira de conhecer o cotidiano do país. A blogueira revelou também que ficou sabendo via Twitter que apoiadores na Ilha têm conseguido também a aprovação de seus passaportes para que pudessem sair do país, mas que a média salarial de US$ 20 dólares do povo cubano ainda há de manter “impossível” o acesso dos cidadãos às viagens para fora da Ilha.

Fonte: Especial para Terra
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