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América Latina

EUA e Otan fazem 'dança macabra de cinismo' na Líbia, diz Fidel

24 fev 2011 - 11h58
(atualizado às 14h18)
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O líder cubano Fidel Castro denunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos e a Otan fazem uma "dança macabra de cinismo" ao incentivar uma guerra civil na Líbia, em busca do controle do petróleo.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

"Nada teria de estranho a intervenção militar na Líbia, com o que, além disso, garantiria à Europa quase dois milhões de barris diários do petróleo leve", indica Fidel, em seu segundo artigo sobre o tema.

Essa intervenção militar pode acontecer "se antes não ocorrerem fatos que ponham fim à chefatura ou à vida de (líder líbio Muammar) Kadafi", alertou.

Para Fidel, que conheceu pessoalmente Kadafi quando visitou a Líbia em maio de 2001, o que acontece nesse país é uma guerra civil na qual "ninguém no mundo jamais ficará de acordo com a morte de civis indefesos".

"A política de saque promovida pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan no Oriente Médio entrou em crise", afirmou ainda. Segundo ele, o papel do presidente Barack Obama nesta crise é "bastante complicado".

"Qual será a reação do mundo árabe e muçulmano se o sangue nesse país for derramado em abundância com essa aventura? Deterá uma intervenção da Otan na Líbia a onda revolucionária desatada no Egito?", questiona Fidel.

Na terça-feira, Fidel advertiu que os Estados Unidos não hesitarão em ordenar que a Otan invada a Líbia para controlar o petróleo e colocou em dúvida a veracidade das informações que descrevem uma sangrenta repressão ordenada pelo governo Kadafi.

"Para mim é claramente evidente que o governo dos Estados Unidos não se preocupa em absoluto com a paz na Líbia, e não vacilará em dar à Otan a ordem de invadir este rico país, talvez em questão de horas ou em alguns dias", escreveu o líder cubano em mais um artigo de opinião.

Fidel diz ainda que é preciso esperar para saber "o quanto há de verdade ou mentira" nas informações sobre os acontecimentos na Líbia, onde, segundo as ONGs, entre 200 e 400 pessoas teriam morrido nos últimos dias nas repressão do regime Kadafi.

Fidel classificou ainda de "mentira com pérfidas intenções" a versão que circulou sobre uma possível fuga de Kadafi para a Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, mantém relações com a Líbia.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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