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América Latina

Especialista afirma que "pós-chavismo" aumentará repressão na Venezuela

29 mai 2013 - 18h52
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O chavismo sem Chávez, afetado pela "frágil personalidade" do atual presidente, Nicolás Maduro, resultará em um regime "abertamente autoritário" e mais repressor para tentar se consolidar, mas "não irá declinar", afirmou nesta quarta-feira o professor de política e sociologia Luis Fleischman, da Universidade Florida Atlantic, em Miami.

O modelo chavista, "popular entre grupos de base, cativou a imaginação de muita gente" na América Latina, disse à Agência Efe Fleischman, que lança hoje seu livro "América Latina na era pós-Chávez: A ameaça à segurança dos EUA".

Na obra, o professor americano analisa fatos que, segundo ele, definem o pós-chavismo como a continuidade de um "regime revolucionário com características totalitárias".

Fleischman acredita que a revolução bolivariana forjada pelo falecido presidente venezuelano Hugo Chávez deu origem a uma estrutura de governo e a um regime com fortes raízes e alianças por meio das quais o líder soube "consolidar um poder nacional e transnacional".

O autor do livro, no entanto, mostrou estar convencido de que a ausência de Chávez, que morreu em março desse ano, não significa, a curto prazo, a extinção do chavismo.

A questão envolve uma complexa rede de interesses que comprometem a cúpula militar venezuelana, e as relações com "atores que tendem a proteger o regime e a colaborar, como é o caso das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com a expansão da revolução bolivariana" na região.

A "revolução bolivariana se expandiu por quatro países em poucos anos", um êxito que, segundo Fleischman, o castrismo nunca conseguiu obter.

Para o especialista, "Chávez não foi um palhaço e nem uma marionete de Cuba". Seu modelo revolucionário e transnacional "foi exportado com sucesso" e "obteve conquistas que a revolução castrista gostaria de ter alcançado".

Ele expressou seu ceticismo diante da possibilidade de que a oposição venezuelana - "ativa e aumentada" - materializada na liderança de Henrique Capriles, consiga promover a "abertura do sistema venezuelano", hoje transformado em um "narcoestado".

Já Maduro, que "não é um reformista", mas um "perpetuador das características do chavismo sem Chávez", aumentará, segundo o especialista, a repressão e a atmosfera de medo e intimidação.

"Maduro tem uma personalidade mais frágil que a de Chávez e o mais provável é que haja mais influência externa de cubanos e iranianos" para apoiar o regime e conter a oposição, por isso o atual líder venezuelano "terá que apelar para políticas ainda mais repressoras".

De acordo com Fleischman, especialista em América Latina e Oriente Médio, o "espetáculo vergonhoso" ocorrido durante uma sessão da Assembleia Nacional, em abril desse ano, é uma prova do futuro político da Venezuela.

Ele mencionou também a "violação total do sistema judiciário" com situações que, disse, lembram as vividas na Alemanha nazista, e se referiu concretamente ao caso da juíza María Lourdes Afiuni Mora. Ela ficou presa durante mais de um ano após sentenciar liberdade condicional a um conhecido crítico do governo.

No livro, Fleischman diz que a possibilidade de que o pós-chavismo se mantenha não depende da dilapidação de recursos que caracterizavam seu fundador, já que, explicou, "uma revolução pobre pode ser também uma revolução bem-sucedida, como foi em Cuba e na Coreia do Norte".

"A revolução bolivariana se apresenta de forma carismática neste momento, com ou sem petróleo", destacou Fleischman, que também denunciou o "silêncio da comunidade internacional", a falta de pressão e sanções por parte dos Estados Unidos e o grande respaldo que o chavismo recebe do Brasil, "mais efetivo" que o cubano.

EFE   
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