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Mundo

Entrega de alimentos em helicóptero gera tumultos no Haiti

16 jan 2010 - 19h43
(atualizado às 20h21)
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A distribuição de alimentos a partir de um helicóptero militar dos Estados Unidos neste sábado em Porto Príncipe provocou um tumulto na multidão de haitianos famintos. O helicóptero se aproximava lentamente do Estádio Delmas da capital haitiana quando centenas de crianças e jovens começaram a correr atrás da aeronave.

Haitianos correm para buscar água trazida por helicóptero
Haitianos correm para buscar água trazida por helicóptero
Foto: AP

Um soldado que estava a bordo do helicóptero que sobrevoou o estádio por alguns segundos lançou algumas caixas pequenas, cada uma contendo alimentos, que caíram no alto de uma construção parcialmente destruída. Centenas de pessoas brigaram pelas caixas, em um tumulto indescritível.

A chefe da diplomacia norte-americana, Hillary Clinton, disse neste sábado de manhã a caminho do Haiti, que os soldados norte-americanos tinham tentado abrir áreas de aterrissagem para que os helicópteros pudessem deixar a ajuda, mas que tiveram que suspender a missão, já que os haitianos ocupavam os locais antes que as aeronaves aterrizassem.

As autoridades do Departamento de Estado perguntaram aos militares norte-americanos se a ajuda para os haitianos podia ser enviada com paraquedas, mas estes responderam que era algo "muito mais perigoso".

Terremoto

Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.

Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. Estimativas mais recentes do governo haitiano falam em mais de 200 mil mortos e 50 mil corpos já enterrados. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.

Morte de brasileiros

A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, e militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto no Haiti.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e comandantes do Exército chegaram na noite de quarta-feira à base brasileira no país para liderar os trabalhos do contingente militar brasileiro no Haiti. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o país. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.

O Brasil no Haiti

O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.

A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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