PUBLICIDADE

América Latina

Em visita à Argentina, Lula faz campanha para candidato de Cristina Kirchner

9 set 2015 - 16h38
Compartilhar
Exibir comentários

A menos de dois meses das eleições gerais na Argentina, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez campanha nesta quarta-feira pelo candidato governista à presidência argentina, Daniel Scioli, na periferia da capital.

"Espero que o projeto que (Néstor) Kirchner começou a construir em 2003 possa ser concluído, elegendo outra vez um projeto que mudou a história da Argentina", disse Lula na inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na cidade de José C. Paz, na província de Buenos Aires, acompanhando por Scioli e pela presidente Cristina Kirchner.

Segundo o ex-presidente, que hoje iniciou uma visita de três dias à Argentina, o kirchnerismo contribuiu para que "pela primeira vez Argentina e Brasil entendessem que os dois países são inseparáveis", e destacou que a única diferença é que não concordam "se Maradona é melhor que Pelé ou se Messi é melhor que Neymar".

"Nisso temos divergências, mas na política tenho o orgulho de dizer que Brasil e Argentina construíram a mais importante relação entre os dois países. E, se continuarem unidos, a América Latina estará unida", assegurou.

Lula agradeceu que a UPA inaugurada hoje fosse batizada com seu nome, em homenagem a este modelo de saúde importado do Brasil e que Scioli considera uma das conquistas de seus oito anos de gestão como governador da província de Buenos Aires.

Antes de ceder a palavra a Cristina, Lula comentou que a argentina, na reta final de seu segundo mandato, despede-se da presidência "como uma heroína vencedora".

Por sua vez, Cristina Kirchner pediu a Lula que atue como embaixador para que a Argentina ingresse no bloco de países emergentes Brics - formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Além disso, criticou que se aponte os emergentes como responsáveis pela crise econômica e sustentou que enquanto os países ocidentais são "praças de especulação financeira", países como Argentina e Brasil são "praças de produção".

A presidente argentina disse diretamente a Scioli que será necessário aprofundar a integração sul-americana e "redobrar o esforço" de impulso ao desenvolvimento através dos laços políticos com os demais países da região, como o Brasil, e com os emergentes.

Suas críticas aos países ricos não se limitaram ao plano econômico, mas se estenderam à crise que a Europa atravessa pela chegada em massa de refugiados.

"Por favor, que ninguém nos venha dar como exemplo alguns países do Norte. Eu não quero me parecer com países que expulsam imigrantes e deixam morrer crianças nas praias", afirmou Cristina à beira das lágrimas.

"Eu quero ser como somos nós, solidários, trabalhadores, jogar pela produção, a indústria e o desenvolvimento. Aí está o futuro, o outro é só a degradação da condição humana", acrescentou.

Lula fará um discurso nesta quinta-feira na abertura do terceiro Congresso Internacional de Responsabilidade Social de Buenos Aires e será investido doutor honoris causa pela Universidade Nacional de La Matanza, localizada no coração desta populosa cidade da periferia da capital, que é considerada um dos grandes redutos do kirchnerismo.

A visita de Lula busca melhorar a imagem de Scioli após as críticas a sua gestão pelas inundações que castigaram no mês passado a província de Buenos Aires, que compreende mais de um terço do censo eleitoral.

A menos de dois meses das eleições, a maioria das enquetes prevê que Scioli vencerá o pleito de 25 de outubro, mas por uma margem insuficiente para ser eleito no primeiro turno.

O candidato do partido governante Frente para a Vitória receberá um novo respaldo internacional na próxima semana com a visita do presidente boliviano, Evo Morales.

EFE   
Compartilhar
Publicidade
Publicidade