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Mundo

Em meio à crise paraguaia, inicia cúpula do Mercosul em Mendoza

28 jun 2012 - 13h00
(atualizado às 19h01)
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FELIPE SCHROEDER FRANKE
Direto de Mendoza

Em meio a grandes expectativas, Mendoza vive nesta quinta-feira a abertura 43ª Cúpula do Mercosul e Estados Associados. A cidade do oeste argentino abrigará as lideranças das principais nações latino-americanas, que debaterão questões de peso para os interesses de toda a região. Os entornos do hotel Intercontinental, que sedia o encontro, estão repletos de policiais e militares, que controlam o movimento em postos de controle de automóveis, cães e viaturas a postos nas esquinas.

O ministro brasileiro, Antonio Patriota, põe fones de ouvido para escutar a tradução simultânea durante reunião de chanceleres
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Foto: AFP

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"O foco político está em Mendoza", anuncia em sua capa o jornal local Uno, com destaque para o impasse político instaurado no Paraguai desde o impeachment-relâmpago do presidente Fernando Lugo, na última sexta-feira. "Crítica unânime ao golpismo na região", afirma a chamada central do diário El Sol, assumindo a postura predominante das nações da região de considerar ilegítimo o processo de destituição de Lugo.

"Chegam os presidentes, e Mendoza vive encontro histórico", anuncia o jornal Los Andes, enfatizando a chegada nesta tarde da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e do presidente do Uruguai, José Mujica. Há expectativa para a vinda de Sebastián Piñera (Chile), Evo Morales (Bolívia), Ollanta Humala (Peru), Juan Manuel Santos (Colômbia) e até mesmo Hugo Chávez (Venezuela), em complicada e incerta condição de saúde. Segundo o Itamaraty, Dilma Rousseff chega a Mendoza na noite de hoje.

A crise política no Paraguai, por sua vez, pode acabar por impulsionar a entrada definitiva da Venezuela no Mercosul. O status de membro pleno vinha sendo barrado devido à falta de aval do Congresso paraguaio, situação que pode ser contornada pela ausência dos representantes de Assunção no encontro após o Mercosul ter suspendido o Paraguai da organização devido ao processo de Lugo. Um terceiro tema importante para estes dois dias são os esboços por novos acordos comerciais com a China, impulsionados pela recente visita do premiê Wen Jiabao a Buenos Aires, ainda nesta sexta-feira.

Após a reunião dos chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, a União das Nações Sul-americanas (Unasul) também manterá encontro em Mendoza, realojado para a mesma data do Mercosul devido à urgência da crise paraguaia.

Processo relâmpago destitui Lugo da presidência
No dia 15 de junho, um confronto entre policiais e sem-terra em uma área rural de Curaguaty, ligada a opositores, terminou com 17 mortes. O episódio desencadeou uma crise no Paraguai, na qual o presidente Fernando Lugo, acusado pelo ocorrido, foi sendo isolado no xadrez político. Seis dias depois, a Câmara dos Deputados aprovou de modo quase unânime (73 votos a 1) o pedido de impeachment do presidente. No dia 22, pouco mais de 24 horas depois, o Senado julgou o processo e, por 39 votos a 4, destituiu o presidente.

A rapidez do processo, a falta de concretude das acusações e a quase inexistente chance de defesa do acusado provocaram uma onda de críticas entre as lideranças latino-americanas. Lugo, por sua vez, não esboçou resistência e se despediu do poder com um discurso emotivo. Em poucos instantes, Federico Franco, seu vice, foi ovacionado e empossado. Ele discursou a um Congresso lotado, pedindo união ao povo paraguaio - enquanto nas ruas manifestantes entravam em confronto com a polícia -, e compreensão aos vizinhos latinos, que questionam a legitimidade do ocorrido em Assunção.

Fonte: Terra
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