PUBLICIDADE

América Latina

Desafio da Colômbia é obter "resultados concretos" em cúpula

6 abr 2012 - 22h20
(atualizado às 23h07)
Compartilhar

O governo da Colômbia tem como desafio fazer da VI Cúpula das Américas uma reunião com "resultados concretos" em matéria social e de integração, além de discutir assuntos como Cuba, Malvinas e políticas antidrogas. Sob o lema "Conectando as Américas: Parceiros para a Prosperidade", a Colômbia, como anfitriã, tenta fazer com que esta reunião, que acontecerá na cidade de Cartagena das Índias a partir de 9 de abril e terá seu ápice nos dias 14 e 15 com a cúpula de governantes, não seja em vão.

O país assegura que os mandatos decorrentes das cúpulas anteriores não foram cumpridos: "Quando olhamos para trás, vemos acordos que não foram implementados, porque não há recursos", afirmou a ministra das Relações Exteriores María Angela Holguín. "Por isso, se sair um único mandato, com a verba, será cumprido", declarou María, ao informar que na cúpula serão discutidos cinco temas: segurança, acesso às tecnologias, desastres naturais, redução da pobreza e desigualdade e integração física.

De cada um deles haverá "um mandato concreto", afirmou a chanceler ao antecipar que, em matéria de segurança, será aprovada a criação de uma rede de informação que contará com um financiamento de US$ 5 milhões a US$ 6 milhões provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Esse projeto, que será de implementação obrigatória para os 34 países participantes, permitirá comparar dados e enfrentar de forma conjunta os desafios derivados da insegurança.

María também falou da urgente necessidade da integração energética, assim como da interconexão por terra e ar entre países, e disse que haverá anúncios nesse sentido durante a cúpula.

O governo da Colômbia garantiu uma "declaração política" que obrigará os estados a implementar políticas públicas com financiamento assegurado, que serão discutidas pelos chanceleres no dia 12, em Cartagena.

Nesse sentido, a ministra descartou divergências na hora de aprovar a declaração, já que não se buscará consenso sobre modelos de integração política ou econômica perante uma realidade evidente: as diferenças ideológicas entre os países.

Ela usou como exemplo a Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), um projeto de integração comercial que nasceu em 1994 com a primeira Cúpula de Miami e fracassou antes mesmo de ser implementado na V Cúpula de Mar del Plata, em 2005.

Fora ideologia e comércio, em outros temas como educação, interconexão, desastres naturais e pobreza, o continente em seu conjunto tem "um mesmo objetivo": acabar com esses problemas para dar aos cidadãos uma vida melhor, indicou.

Uma vez resolvidos os temas "oficiais" da Cúpula, o desafio da Colômbia é pôr em discussão assuntos controversos, com o ânimo de debatê-los, sem o compromisso de incluí-los na declaração final, mas em comunicados separados caso haja acordo.

Esses temas serão a ausência de Cuba nas Cúpulas das Américas pela recusa dos Estados Unidos e apesar do consenso latino-americano de que é preciso encontrar a fórmula para que não siga sendo excluída, e a fracassada luta antidrogas implementada no continente pela iniciativa dos EUA que, depois de 40 anos, não deu os resultados esperados.

A polêmica disputa sobre as ilhas Malvinas também será pauta da cúpula, justo quando se completa 30 anos da ocupação das ilhas por tropas argentinas que deu início à guerra com o Reino Unido, e quando a Argentina aumentou suas reivindicações de soberania e obteve o apoio da maioria dos países vizinhos.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, aceitou abrir esses debates, sempre com o sinal verde dos EUA. Apesar de uma boa parte dos países convocados está em desacordo com a Casa Branca, ninguém quer que Barack Obama esteja ausente desta importante reunião.

Foi o que disse o próprio presidente da Bolívia, Evo Morales, ao convidar seus colegas para a Cúpula das Américas pela oportunidade que terão de expressar a Obama diretamente suas divergências.

A garantia para que esta cúpula seja bem-sucedida está nos bons ofícios do presidente Santos, que se conseguir seus objetivos, sairá de Cartagena como um novo líder regional, capaz de sentar à mesa de discussão com Estados Unidos e com os países da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba), opositores em todos os sentidos às doutrinas da Casa Branca.

María Angela Holguín se manifestou com estas palavras: "eu não o qualificaria como líder, mas ressaltaria uma maneira de atuar diferente, em nível regional, acreditando no diálogo, na cooperação, no respeito aos demais quanto a modelos políticos e econômicos".

EFE   
Compartilhar
Publicidade