Deputados argentinos aprovam voto popular em organismo chave da justiça
A Câmara dos Deputados aprovou e enviou ao Senado na madrugada desta quinta-feira um projeto de lei que consagra o voto popular para parte dos membros do Conselho da Magistratura, um organismo chave que nomeia e destitui os juízes.
Em uma sessão de 17 horas, a bancada governista do peronismo conseguiu vencer por pequena margem, com 130 votos a favor da medida e 123 contrários.
A reforma do Conselho da Magistratura eleva de 13 a 19 o número de membros. Doze deles serão eleitos pelo voto popular (três juízes, três advogados e seis acadêmicos).
A norma voltará ao Senado, que havia dado meia sanção, pois a Câmara dos Deputados introduziu mudanças, entre elas que a Corte Suprema permanecerá administrando os fundos do Poder Judiciário, e não o Conselho como determinava o projeto original.
Uma intensa discussão entre o governo e a oposição aconteceu antes da votação, em particular dos artigos do projeto.
A Câmara deve votar outros dois projetos que integram uma reforma da justiça com seis leis no total.
Um deles é a criação de três câmaras de cassação, destinadas a aliviar o acúmulo de processos na Corte Suprema, segundo o governo.
O outro é o que limita a seis meses as medidas cautelares, o que que está diretamente relacionado ao conflito entre o governo da presidente Cristina Kirchner e o influente grupo de comunicação Clarín.
Em caso de aprovação, os dois projetos passarão a ser leis.
Dezenas de militantes de partidos opositores acompanharam a votação.
O sindicato dos funcionários judiciais decretou uma paralisação de 72 horas como protesto contra a reforma da justiça.
A organização Human Rights Watch (HRW) pediu que o Congresso rejeitasse a reforma pro considerar que "forneceria ao partido governante da Argentina uma maioria automática no Conselho (da Magistratura) que supervisiona os juízes, o que compromete seriamente a independência judicial".