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América Latina

Cúpula da Celac encerra com apoio ao acordo entre EUA e Cuba

Nos dois dias de duração do evento, tratou-se de um leque de temas

29 jan 2015 - 19h48
(atualizado às 21h27)
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<p>Presidente do Chile, Michelle Bachelet, é vista ao lado da presidente Dilma Rousseff (de costas), na cúpula</p>
Presidente do Chile, Michelle Bachelet, é vista ao lado da presidente Dilma Rousseff (de costas), na cúpula
Foto: Reuters In English

América Latina e Caribe deram nesta quinta-feira seu apoio a Cuba e Estados Unidos em suas negociações para normalizar as relações bilaterais, no encerramento da cúpula de dois dias da Celac, realizada na Costa Rica.

Dirigida ao restabelecimento das relações entre Cuba e Estados Unidos, a declaração especial da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) também fez um apelo pela suspensão do embargo americano que pesa sobre Cuba desde 1962.

Essa é apenas uma das 27 declarações especiais emitidas pela Cúpula. Nos dois dias de duração do evento, tratou-se de um leque de temas, que vão do apoio à Argentina na negociação da dívida com os fundos especulativos até a luta contra o terrorismo e contra a corrupção.

Além disso, a Celac aprovou uma declaração política de 93 parágrafos, que traça ações para alcançar alianças regionais com outros blocos e países, combater juntos a mudança climática e erradicar a pobreza extrema.

O fechamento da cúpula contou com um imprevisto. Um encontro privado entre os presidentes e os chefes de delegação foi suspenso quando a representação da Nicarágua tentou incluir um separatista de Porto Rico na reunião, o que foi rejeitado por outras delegações - explicou o presidente costa-riquenho, Luis Guillermo Solís. O incidente antecipou a conclusão da cúpula.

A declaração principal da Cúpula não pôde ser adotada por consenso em todos os pontos, porque a ilha caribenha de Barbados foi contra o tópico que citava a Celac como "o mecanismo" que agrupa os 33 países da América Latina e do Caribe. Em troca, queria que fosse citada como "um mecanismo". A mudança não foi aceita pelos presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Venezuela, Nicolás Maduro. Por esse motivo, o documento saiu com a referência à objeção de Barbados.

Ao mesmo tempo, Correa retirou o apoio equatoriano a uma das 27 declarações especiais - a que pedia o fortalecimento do apoio ao sistema regional de direitos humanos -, após criticar duramente a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Segundo Correa, o órgão é controlado pelos Estados Unidos.

Pouco depois de criticar a Comissão, Correa recebeu das mãos do colega Guillermo Solís a presidência rotativa da Celac.

"Nossa proposta é assumir o compromisso da Celac de erradicar a pobreza extrema na América Latina e no Caribe em cinco anos", afirmou Correa, ao assumir o posto.

O encontro terminou com uma proliferação de acordos - considerada excessiva até mesmo pelo chanceler costa-riquenho, Manuel González. Nesse sentido, Correa antecipou que, sob a presidência equatoriana, a Celac se concentrará em uma lista reduzida de temas, nos quais o bloco possa oferecer resultados concretos.

A redução da pobreza, o aumento no investimento em ciência, tecnologia e inovação e as ações para frear a mudança climática estão entre as ações prioritárias, nas quais o Equador concentrará sua gestão.

A Costa Rica fez do combate à pobreza eixo do encontro realizado em Belén, a 15 km de San José, mas o tema dominante em uma maratona de discursos foi a reaproximação entre Havana e Washington, assim como os apelos a que os Estados Unidos suspendam o embargo contra Cuba.

Diante de seus colegas da Celac, o presidente cubano, Raúl Castro, insistiu na necessidade de suspender o bloqueio como passo imprescindível para normalizar as relações.

"O restabelecimento de relações diplomáticas é o início de um processo para a normalização das relações bilaterais, mas essa (normalização) não será possível enquanto existir o bloqueio", disse Castro.

O consenso sobre Cuba se materializou nas intervenções dos presidentes, que apoiaram Castro e seu colega americano, Barack Obama, no avanço das relações diplomáticas.

No tema central do encontro, o combate à pobreza, os governantes comemoraram o fato de terem conseguido reduzir o nível de miséria, mas insistiram na necessidade de fazer mais.

A diretora-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), a mexicana Alicia Cárdenas, destacou que a região conseguiu diminuir a desigualdade, enquanto a pobreza caiu de 48%, em 2002, para 28%, em 2012. Alicia advertiu, porém, que a região não obteve grandes reduções nos últimos dois anos.

O encontro transcorreu sem grandes polêmicas. Houve apenas algum tumulto quando simpatizantes e opositores ao governante venezuelano, Nicolás Maduro, trocaram empurrões e insultos na quarta-feira, em um protesto perto da Universidade da Costa Rica, no leste de San José, longe da sede do encontro.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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