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América Latina

Cristina Kirchner tacha denúncia de Nisman como 'vergonha'

"O que acho de Nisman? O (Nisman) da denúncia sem provas ou o Nisman que levanta toda minha atuação nas Nações Unidas, que elogia meus discursos?", questionou Cristina

1 mar 2015 - 19h38
(atualizado às 20h12)
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<p>Presidente argentina, Cristina Kirchner carregou de novo contra o Poder Judiciário, e voltou a acusá-lo de ter se transformado em um "partido"</p>
Presidente argentina, Cristina Kirchner carregou de novo contra o Poder Judiciário, e voltou a acusá-lo de ter se transformado em um "partido"
Foto: Enrique Marcarian / Reuters

A presidente argentina, Cristina Kirchner, disse neste domingo (1) que as "denúncia sem provas" apresentada contra ela pelo promotor Alberto Nisman por acobertamento terrorista é "uma vergonha", porque semanas antes de morrer ele mesmo preparava documentos em que reconhecia o trabalho do governo.

"Lamento sua morte como lamento a morte de qualquer argentino", disse durante o discurso de abertura do ano legislativo, em referência ao promotor especial da investigação do atentado contra a associação judaica Amia, que deixou 85 mortos em 1994, por cujo falecimento ainda não tinha expressado condolências.

Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em sua casa em Buenos Aires no dia 18 de janeiro, horas antes de comparecer ao Congresso para explicar a denúncia apresentada contra Cristina pelo suposto acobertamento dos suspeitos iranianos do ataque à Amia.

A presidente afirmou que essa denúncia, apresentada pelo promotor em 14 de janeiro, quatro dias antes de morrer, é uma "vergonha e um constrangimento para os argentinos" já que Nisman, em dezembro, preparava dois documentos nos quais elogiava os esforços internacionais do governo para esclarecer a investigação.

"O que acho de Nisman? O (Nisman) da denúncia sem provas ou o Nisman que levanta toda minha atuação nas Nações Unidas, que elogia meus discursos?", questionou Cristina.

Caso Nisman: milhares marcham em Buenos Aires:

A presidente se referiu assim a dois documentos "de punho e letra" de Nisman que aparecem citados na sentença dada na quinta-feira pelo juiz Daniel Rafecas, encarregado da denúncia contra a presidente, como um dos motivos para desprezar as acusações.

"Um promotor acusa a presidente e um chanceler, ou seja, à Argentina, porque representamos o país. De repente aparecem os secretários com dois documentos. É um escândalo, um constrangimento, não para a presidente, para todos os argentinos".

Segundo ela, Nisman preparava estes dois documentos para apresentá-los ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os dois documentos "dizem exatamente o contrário do que diz sua denúncia, por isso o caso deveria se chamar Nisman versus Nisman", apontou Cristina.

Mirando na Justiça

Além disso, Cristina Kirchner carregou de novo contra o Poder Judiciário, e voltou a acusá-lo de ter se transformado em um "partido", como já tinha feito após a mobilização convocada pelos promotores em memória de Nisman, no último dia 18, uma manifestação que reuniu centenas de milhares de pessoas e que contou com a participação da oposição.

"É preciso ser independente do poder político, dos poderes econômicos concentrados. Do que nunca o Poder Judiciário pode ser independente é da Constituição. Ultimamente o partido judicial se tornou independente das leis", criticou.

Baseado em Nisman, promotor pede acusação a Cristina Kirchner:

A presidente argentina ainda defendeu os esforços realizados durante os anos de governo kirchnerista para esclarecer o atentado contra a Amia.

"A Amia não explodiu durante nosso governo e faz 21 anos que as vítimas e os familiares vêm reivindicando justiça", disse Cristina, antes de ressaltar que o Poder Judiciário ainda não conseguiu encontrar aos culpados.

"É mais claro e mais evidente do que nunca que Amia continua sendo um tabuleiro da política nacional e internacional", acrescentou.

EFE   
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