Correa diz que policiais tentaram iniciar guerra civil no Equador
2 out2010 - 00h48
(atualizado às 09h53)
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O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou na noite desta sexta-feira que os policiais rebelados tentaram iniciar uma guerra civil no país e revelou que um de seus seguranças foi morto ao tentar defendê-lo durante os protestos de policiais rebelados. "Havia uma tentativa de desestabilização e de se iniciar uma guerra civil", afirmou Correa, durante uma reunião em Quito com os chanceleres da Unasul.
Veja momento em que presidente do Equador é atacado:
"Quero que fique claro que não foi uma reivindicação salarial", disse o líder equatoriano. "Foi uma tentativa de conspiração, na qual se criou descontentamento na força pública para tentar gerar uma guerra civil." Segundo Correa, essa tentativa fracassou porque as Forças Armadas não se rebelaram. Ele disse ainda que houve ações coordenadas, como a tomada do aeroporto da capital, descontrole proposital do sistema de semáforos da cidade e saques para gerar caos na cidade.
Foi a primeira vez desde a rebelião que Correa deu detalhes da crise. Criticado por ter ido pessoalmente negociar com os policiais que protestavam, Correa disse que sua intenção era explicar que a controvertida lei de Servidores Públicos não prejudicava os funcionários públicos. "Ao contrário, os beneficiava", disse. "Me dei conta de que se tratava de outra coisa, porque em seguida, as palavras eram fora o comunismo, fora Chávez, fora governo (...) não era uma reivindicação gremial", disse o presidente equatoriano que lidera a chamada "revolução cidadã".
No momento do resgate, um policial da guarda pessoal do presidente, que corria ao lado do carro que transportava Correa, foi morto com um tiro no peito. De acordo com Correa, seu carro foi alvejado por pelo menos cinco tiros. Correa disse que havia francoatiradores nos tetos dos prédios que cercavam o hospital militar. Durante o tiroteio que durou quase 40 minutos, 4 pessoas foram mortas e 88 feridas. "Um estudante de 24 anos foi morto com um tiro na cabeça", disse.
Novo chefe Correa voltou a afirmar que vai depurar a polícia, para evitar novas crises. Nesta sexta-feira, foi nomeado o novo chefe da Polícia, Patrício Franco, depois da renúncia de Freddy Martínez, que deixou o cargo na manhã desta sexta-feira. O presidente equatoriano narrou a crise da véspera aos chanceleres da Unasul, que viajaram a Quito para reiterar o apoio do bloco ao sistema democrático do país.
No encontro, ficou acordado que até a próxima reunião do bloco, prevista para 24 de novembro, o países definirão os mecanismos para aplicar as sanções que foram determinadas pelos chefes de Estado da Unasul, em Buenos Aires, na quinta-feira, aos países cujos governos derivem de golpes de Estado. A medida deverá se converter na "Clausula Democrática" do bloco, que estabelece sanções políticas e bloqueios econômicos aos países liderados por governos de fato. "Temos que sancionar as pessoas que tentaram assassinar o presidente", afirmou à BBC Brasil o chanceler equatoriano Ricardo Patino. "Por isso é tão importante que Honduras não fique na impunidade, assim como isso aqui não ficará na impunidade", acrescentou.
A punição aos policiais rebeldes é assunto de controvérsia entre um grupo de parlamentares. Por meio de um abaixo assinado, deputados da Assembleia Nacional pedem anistia aos policiais, militares e demais funcionários públicos "que se mobilizaram" na quinta-feira. O documento ao qual a BBC Brasil teve acesso reivindica o direito da resistência, diante de ações ou omissões do poder público (...) que vulnerem os direitos constitucionais, afirma o abaixo assinado, enviado ao presidente da Assembleia Nacional.
A decisão de punir os responsáveis pela rebelião policial é sustentada, inclusive, pelo secretário geral da OEA, José Miguel Insulza. "Estou de acordo que os fatos cometidos não podem ficar impunes", afirmou Insulza, logo depois de se reunir com Correa, no palácio de governo. "Não se pode simplesmente virar a página sem chegar a fundo ao que aconteceu, que tentaram terminar com a democracia que esse país lutou tanto em conquistar", disse. Assim como os líderes da Unasul, Insulza disse que o sistema democrático equatoriano "saiu fortalecido" por ter vencido "a tentativa de golpe de Estado".
O presidente Rafael Correa é carregado após passar mal por causa do gás lançado durante os protestos
Foto: AFP
Rafael Correa, vestindo máscara de proteção contra gás, recebe ajuda para sair do local do protesto
Foto: AFP
O presidente equatoriano usa máscara enquanto fala com repórteres, pouco antes de ir para o hospital
Foto: AFP
Rafael Correa (centro, de terno) fica em meio à fumaça do gás jogado durante os protestos
Foto: AFP
O presidente equatoriano, Rafael Correa, faz pronunciamento no Regimento do Exército de Quito
Foto: AFP
Policial rebelde participa do protesto, em Quito
Foto: AFP
Soldado usa máscara de proteção contra gás durante a manifestação militar
Foto: AFP
Rafael Correa usa máscara anti-gás e recebe ajuda de assessores para sair do local do protesto
Foto: Reuters
Rebeldes queimam pneus durante o movimento próximo ao quartel de polícia, em Quito
Foto: Reuters
O presidente equatoriano, Rafael Correa, retira a máscara enquanto caminha entre os manifestantes
Foto: Reuters
O presidente Rafael Correa faz discurso no quartel de Quito, pouco antes de ser atingido por gás lacrimogêneo
Foto: Reuters
Policial rebelde usa máscara enquando bombas de gás lacrimogêneo são lançadas
Foto: AFP
Assessores ajudam o presidente Rafael Correa a retirar a máscara anti-gás lacrimogêneo
Foto: Reuters
Manifestantes seguram cartazes e apoiam movimento policial rebelde, na capital equatoriana
Foto: Reuters
General de polícia fala aos rebeldes durante a movimentação contra o governo de Correa, em Quito
Foto: Reuters
Assessores limpam o rosto de Rafael Correa, que foi agredido por rebeldes durante o protesto militar
Foto: EFE
Militares rebeldes ocupam a pista do aeroporto de Quito, que foi fechado devido ao protesto
Foto: EFE
Manifestantes queimam pneus em frente à unidade policial, em Quito
Foto: EFE
Militares rebeldes tomam a pista do aeroporto de Quito durante os distúrbios provocados por protestos
Foto: Reuters
Militares rebeldes seguram cartaz com reclamações sobre as leis impostas pelo governo equatoriano
Foto: Reuters
O presidente chileno, Sebastián Piñera, emite declaração em que expressa seu respaldo a Correa
Foto: EFE
Policiais jogam gás lacrimogêneo contra apoiadores do presidente Rafael Correa em frente à Assembleia
Foto: AFP
Integrantes da Força Aérea fazem guarda em frente ao Aeroporto Mariscal Sucre, em Quito
Foto: AFP
O fotógrafo da assessoria do governo equatoriano Miguel Jimenez (centro) é cercado por policiais em frente ao quartel de Quito
Foto: AFP
Policiais amotinados prendem um guarda-costas em frente ao hospital onde está o presidente Rafael Correa
Foto: AFP
O presidente da Bolívia, Evo Morales, teve um "grave tumor" no nariz no início de 2009 e foi convidado pelo presidente Lula para ser operado em um hospital de São Paulo, segundo um documento divulgado pelo WikiLeaks e desmentido pelo porta-voz de Morales, Ivan Canelas. O documento, de 22 de janeiro de 2009, traz uma conversa entre o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o embaixador americano no Brasil, Clifford M. Sobel, confirmando a questão
Foto: Reuters
Ministro das Relações exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, lê declaração do presidente, Raul Castro sobre a situação no Equador
Foto: Reuters
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, falou durante visita ao Haiti
Foto: EFE
Secretario geral da Organização dos Estados Americanos fala sobre a crise no Equador
Foto: EFE
O presidente boliviano, Evo Morales, fala sobre a crise no Equador
Foto: Reuters
Policial rebelado usa placa de publicidade como escudo para se defender de pedras atiradas por simpatizantes do presidente Rafael Correa
Foto: Reuters
Manifestantes protestam em frente à embaixada equatoriana em Caracas, na Venezuela, contra crise no Equador
Foto: Reuters
População vai às ruas para manifestar apoio ao presidente Rafael Correa, que se refugiou em hospital após ser agredido em praça pública
Foto: AP
Mulher ergue cartaz em protesto contra a polícia em Quito: "os que estão armados jamais poderão dialogar"
Foto: AP
Policial sai com a mão ferida após confronto com grupos que apoiam o presidente Rafael Correa no Equador
Foto: EFE
Simpatizante do presidente Rafael Correa sofre com o gás lacrimogêneo usado pela polícia
Foto: Reuters
Simpatizantes de Rafael Correa entram em conflito com policiais do lado de fora do hospital onde o presidente equatoriano se refugiou
Foto: AP
O presidente do Equador, Rafael Correa, fala com a imprensa no palácio do governo em Quito, no Equador. O Exército resgatou Correa de um hospital onde tinha sido preso pelos rebeldes há mais de 12 horas, quando foi apreendido em meio ao gás lacrimogêneo disparado por centenas de policiais indignados com uma lei que, segundo alegam, cortaria seus benefícios
Foto: AP
Militares estendem faixa em frente ao Palácio Presidencial, em apoio ao governo de Rafael Correa
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Simpatizantes do presidente Rafael Correa seguram bandeiras e manifestam apoio junto a soldados
Foto: AP
Da janela do Palácio Presidencial, soldado olha para as ruas de Quito, que amanheceram calmas
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Militares da equipe especial resgatam o presidente Rafael Correa do hospital, em Quito
Foto: AFP
Chanceleres do Uruguai, Luis Almagro, da Argentina, Hector Timerman, do Equador, Ricardo Patino e da Bolívia, David Choquehuanca, chegaram a Quito para reunião
Foto: AP
Militares carregam corpo do soldado Jacinto Cortez, morto na operação de resgate de Correa
Foto: Reuters
Chanceleres buscam ratificar o respaldo à democracia após os distúrbios